País Excludente: Nota de Repúdio ao Consulado do Brasil na Bolívia
Com Bolsonaro, Brasil vive período dos mais dramáticos: crise social, econômica e política sem prededentes. Enquanto a exclusão tem sido regra no País, no exterior é ridicularizado. No meu caso, jornalista auto-exilado na Bolívia, esquecido e abandonado solicitante de repatriação junto à "diplomacia" brasileira: "apenas" mais uma exclusão social por um motivo ou outro, ou exclusão ideológica?
"Simplesmente não consigo acreditar no que está acontecendo no Brasil", disse recentemente a este jornalista o incomparável professor Doutor Noam Chomsky, analista mais renomado do mundo (entrevista parareportagem Lava Jato na Lama, mais abaixo). .
Realmente, desde que o ex-capitão Jair Bolsonaro assumiu o poder em janeiro de 2019, o Brasil vive terrível convulsão social, econômica e política. Afundando dia após dia. Negros, indígenas e pobres, cidadãos de segunda classe novamente como nos momentos mais sombrios da história do país - lar de classes dominantes excessivamente raivosas e discriminatórias.
"É difícil lembrar que, há uma década, o Brasil era um dos países mais respeitados do mundo", observou o doutor Chomsky (ibidem): internacionalmente, o Brasil tornou-se motivo de chacota, uma piada de mau gosto.
Falar do Brasil, relacionado à diplomacia hoje, soa ridículo em todo o mundo. Mais que nunca, desde que a "democracia" voltou ao país em 1988, o Brasil tem sido um desastre diplomático. Tudo isso foi amplamente previsto durante as eleições presidenciais do Brasil em 2018 (conforme pode ser lido nesta página), quando milhões de brasileiros, reacionários e profundamente ignorantes desconsideraram, em segundo turno, um professor universitário, o candidato do Partido dos Trabalhadores Fernando Haddad, para abrir a portaria para a Besta nazista Jair Bolsonaro, um grande brucutu que muito mal se articula.
Lambendo ridiculamente as botas do Tio Sam. Novamente, como nos anos da ditadura (1964-1985), contra os quais Lula lutou arduamente, tendo sido torturado pelos milicos - hoje exaltados por Bolsonaro. Muitos dos companheiros de Lula foram assassinados nos 21 sangrentos anos dos milicos.
Dia após dia, a Besta Nazista ameaça, com seus três idiotas filhos políticos e outros parceiros, outro golpe militar no Brasil. O sistema de Justiça do Brasil, dominado pelo regime de Washington, é claro, permanece silencioso. Ministério Público, Polícia Federal, Supremo Tribunal: todo mundo, fantoche dos EUA, cumprindo a agenda da Economia de Guerra dos EUA. Um regime que não coopera, não negocia, mas impõe seus desejos ameaçando o mundo em usar a força militar. Regime que não tem diplomatas no meu país, mas espiões - assim como em todo o mundo.
Os britânicos, eternos fantoches americanos, apoiaram secretamente a campanha nazista no Patropi em 2018, sem mencionar o juizeco Sergio Moro, a Cinderela da classe dominante brasileira, também secretamente apoiado pelos EUA: "Serginho", através de guerra juridica (lawfare), retirou Lula da Silva da última campanha presidencial, pavimentando o caminho do poder para a Besta Nazista, que com Lula na disputa não teria a menor chance de vencer. Ex-camponês na infância, anos depois sindicalista, Lula faz tremer o ex-capitão, que constantemente aponta armas com as mãos: os brasileiros apoiam massivamente o ex-presidente petista.
Na Bolívia, país vizinho extremamente pobre, o novo coronavírus desmascara políticos locais devido a séculos de um sistema de saúde pública assustadoramente negligenciado, o que será detalhado em uma próxima reportagem.
Para aqueles que - com razão - criticam fortemente as políticas neoliberais do Brasil e dos EUA, por exemplo, ambos os países estão muito mais próximos de uma social-democracia que a Bolívia, depois de 14 anos de administrações de Evo Morales que, sim, fez algumas coisas boas ao país vizinho, mas longe de ser um Processo de Mudança como trombeteado. Em geral, um desastre. Talvez, nada seja pior aqui do que a trágica saúde pública.
Em circunstâncias como essas, a casa da família, mesmo que no estado mais pobre do Brasil em um país que enfrenta o dramático avanço do coronavírus - e a Besta nazista no poder -, significa um porto seguro, certamente.
Então, vivendo mais de dois anos como jornalista auto-exilado com minha bebê de três anos, fui um dos primeiros cidadãos brasileiros a assinar, semanas atrás, uma lista de concidadãos a serem repatriados da Bolívia para o nosso país. Depois de anos de drama no Brasil, onde a exclusão foi apenas uma piada na minha vida em comparação com outras questões, decidi ouvir parentes e voltar devido à desastrosa saúde pública boliviana.
Escolhi a Bolívia confiando na mídia alternativa mundial, que esta nação estava vivendo uma revolução, o famoso Processo de Mudança de Evo Morales: amarga mentira. "Sem dinheiro, ninguém faz nada na Bolívia", costumam dizer os bolivianos, mesmo os que votaram em Morales e até hoje o apoiam.
Simplesmente não há serviços públicos aqui, entre muitos outros assuntos catastróficos a serem abordados em um próximo relatório. Algo reconhecido a esse jornalista, mesmo no Ministério de Relações Exteriores da cidade de Santa Cruz de la Serra: este país também está muito atrasado em direitos humanos. É comum ouvir centenas e centenas de slicitantes de asilo, lamentando ter vindo a este país.
Mesmo assim, se não fosse por coronavírus, e um país extremamente pobre, hoje bloqueado pelo COVID-19 com pessoas já morrendo nas ruas infectadas, eu ficaria devido ao inferno que os donos do poder fizeram em minha vida no Brasil. Estou sozinho com a bebê: a família, destruída. A ex-esposa abandonou-nos - em pleno refúgio boliviano.
O Consulado do Brasil na cidade de Santa Cruz de la Sierra, que coordenava a repatriação de tupinquins junto ao Ministério de Relações Exteriores do Brasil e ao governo boliviano, publicou de última hora em seu sítio na Internet duas listas de brazucas que seriam repatriados nos dias 2 e 3 de abril: na primeira lista, 523 brasileiros estavam inclíidos para embarcar de volta ao País e na segunda, 250 foram convocados para a repatriação, somando um total de 773 repatriados. Naqueles dias, e antes, eu aguardava contato do Consulado sobre a viagem pendente.
O desafortunado tupiniquim que aqui escreve, soube disso em 5 de abril devido a buscas pessoais por informações, dado que jamais nenhum oficial do Consulado havia me contactado sobre a viagem, como deve ter feito com os 773 reapatriados segundo suas prévias promessas em seu sítio, e nos proprios contatos particulares testemunhados por mim.
Simplesmente esquecido e abandonado.
Entrei imediatamente em contato com a Embaixada do Brasil na capital administrativa de La Paz (capital oficial, Sucre). Sugeriram-me entrar em contato com o Consulado de Santa Cruz de la Sierra, que enviava todos os nomes inscritos ao Ministério de Relações Exteriores do Brasil, recebendo de volta a autorização para repatriar os concidadãos. Com duas exceções: minha filha e eu...
Até então, com muita boa vontade em relação ao Consulado, eu poderia considerar que nossa exclusão da lista dos 250 repatriados brasileiros - principalmente universitários - não passou de mero erro ainda que, diante das leis internacionais, em se tratando de repatriações, refúgio e qualquer tipo de questões humanitárias, ha prioridade para casos em que criancas estao envolvidas.
E eu havia exposto que a situação, sozinho com a menor de idade, estava crítica diante do bloqueio total na Bolívia devido ao vírus - e todas as implicações disso a um estrangeiro, exilado em um país pobre. Multiplique as dificuldades por pelo menos dez, em comparação a estudantes universitários por aqui, sustentados pelos pais no Brasil.
A resposta que recebi do Consulado em 9 de abril, foi: "Informamos que a situação narrada pelo senhor será verificada".
Uma semana depois, nenhuma resposta da "Missão Diplomática" brasileira em solo cruzenho. Não se poderia esperar nenhuma outra postura da "equipe" internacional de Bolsonaro (um eufemismo para "gangue" diante do que aconteceu e como aconteceu, para um pai solteiro com sua bebê nesta situação; só pode ser rotulado de desumano).
Não sem razão, o Brasil tem sido ridicularizado pelas relações diplomáticas em todo o mundo. As coisas estão horríveis sob a Besta Nazista.
Não sem razão, ladrões, narcotraficantes (os maiores chefes não são os próprios traficantes de drogas, mas políticos e policiais), milicianos e criminosos de colarinho branco são os que têm mais chances de se dar bem na vida no Brasil, atualmente.
As classes dominantes do Brasil estão mais alegres que nunca, pois seu antigo sonho de lavar privada dos americanos em troca de migalhas está cada vez mais perto da realidade para muitos, tendo em vista a dócil submissão de Bolsonaro aos interesses de Donald Trump.
Por falar nisso, o que de melhor os brasileiros, em geral, são capazes fazer no estrangeiro. Até quando? País intelectualmente e moralmente miserável.