Enfrentando feroz oposição da rede Globo de televisão e da mídia tradicional, o presidente Jair Messias Bolsonaro (JMB) vetou o aumento do óleo diesel, anunciado pela Petrobrás. Um presidente popular?
Anteriormente, pelo veto implícito da indisponibilidade orçamentária, que lhe impusera seu ministro Posto Ipiranga, Paulo Guedes, JMB compensou a ausência do reajuste pela inflação no Bolsa Família, com a criação do 13º salário para este benefício social. Um presidente popular?
Analisemos criteriosamente, sem qualquer partidarismo, o significado destas decisões.
Nem o mais desligado e ingênuo eleitor brasileiro desconhece que o sistema financeiro internacional, a banca, é o principal poder em nosso País.
Denomino Condomínio Governamental Bolsonaro (CGB), a união das quatro principais influências nas decisões nacionais, a partir do início de 2019: a família Bolsonaro, a banca, os neopentecostais e as forças armadas. Sem qualquer ordem nesta enunciação.
Aparentemente, embora com objetivos diferentes, algumas vezes até opostos, o CGB tem em comum a ideologia neoliberal.
Breve sumário da ideologia neoliberal: tudo deve ser feito para agradar o capital financeiro: isenções tributárias, desregulamentações protetoras do bem estar social, da defesa ambiental, do trabalho, prioridade absoluta para pagamento de juros e amortizações sobre quaisquer outras despesas, sejam para a alimentação sejam para defesa nacional, e juros altos, os mais altos possíveis em face da possibilidade de arcar com eles.
É esta ideologia que, conforme o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em 10/04 passado, está reduzindo a classe média nos 36 países que participam desta Organização. Para a OCDE, classe média é aquela que cada pessoa recebe 25 mil dólares estadunidenses (USD 25.000) por ano, quase R$100.000,00/pessoa-ano..
No Brasil, de acordo com dados de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualizados para 2018, 50% da população recebia menos de R$10.880,00/pessoa-ano e somente um milhão (0,47%), dos 210 milhões de brasileiros auferia acima de R$36.000,00/pessoa-ano. Ou seja, a classe média já não existe no Brasil, com significação populacional.
O Brasil já atingiu o estágio terminal do neoliberalismo: uma insignificante classe bilionária e o restante imerso na miséria.
Vê-se, portanto, que não falta ao Presidente a sensibilidade para a população que o elegeu. Falta, isto sim, coragem ou capacidade para modificar esta verdadeira tragédia brasileira: o mais desigual e miserável país do mundo.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado