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Dezenas de milhares de professores encheram as ruas de Lisboa

Dezenas de milhares de professores encheram as ruas de Lisboa

Dezenas de milhares de professores encheram as ruas de Lisboa

Dezenas de milhares de professores e educadores de todo o País vieram este sábado até Lisboa para, numa grande manifestação, exigir a contagem integral de todo o tempo de serviço congelado.

A manifestação nacional de professores, convocada pelas dez estruturas sindicais que compõem a ampla frente sindical, partiu às 15h30 do Marquês de Pombal, com dezenas de milhares de pessoas a descerem a Avenida da Liberdade rumo até ao Terreiro do Paço, local definido para as intervenções finais.

O panorama da manifestação, para quem estivesse no Rossio, era de uma maré de gente a descer uma Avenida da Liberdade completamente cheia, sendo possível estar a ver manifestantes a passar pelo Rossio e, ao mesmo tempo, no topo, pessoas que começavam a descer a avenida.

À frente da manifestação, os professores seguravam uma faixa que pede «respeito e dignidade» mas o que sobressai é o cabeçudo que pretende representar o primeiro-ministro António Costa e que traz ao peito um cartaz «Roubo de 6,5 anos», o tempo de serviço que o Governo quer apagar a estes profissionais.

Aliás, esta é a principal questão realçada por Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), momentos antes do início da manifestação, a qual segundo o mesmo dirigente tem «dois sentidos».

«Por um lado, é uma manifestação de repúdio contra o Governo que decidiu apagar seis anos e meio de trabalho aos professores. Por outro, é uma manifestação de expectativa para com todos partidos políticos, no sentido de irem ao encontro e de se entenderem numa solução para resolver esta questão», afirmou.

Em declarações ao AbrilAbril, Francisco Almeida, professor e dirigente sindical, frisou a mesma ideia, condenando a postura do Governo e a discriminação que este quer impor, visto que nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores a solução foi a contagem total do tempo de serviço.

«É lamentável. Estamos num País em que, para esta questão, existem três sistemas. Os professores e os governos da Madeira e dos Açores conseguiram um acordo que prevê a contagem integral do tempo que trabalhámos, numa recuperação faseada até 2025. No continente querem impor um apagão de dois terços», sublinhou.

Todavia, Francisco Almeida demonstrou-se esperançoso de ser encontrada uma solução na Assembleia da República, assinalando que as propostas de alteração ao diploma já feitas, que propõem uma solução idêntica à da Madeira, vão ao encontro do que é justo e merecido para os profissionais.

Outras questões levantadas pelos manifestantes passaram pelos carregados horários de trabalho, que não cumprem a duração legal semanal e infligem «grande desgaste» sobre os docentes, o acelerado envelhecimento dos professores e os elevados níveis de precariedade nas escolas.

Os dados dos últimos inquéritos colocados aos professores nos plenários das últimas semanas revelam que de 96% dos docentes mantêm a exigência de ver todo o tempo de serviço contado e cerca de 88% não estão dispostos a um faseamento que ultrapasse o prazo adotado na região autónoma da Madeira, ou seja, 2025.

Nesse sentido, o dia 16 de Abril vai ser crucial, data da apreciação parlamentar já anunciada por vários partidos ao decreto do Governo, o qual consagra apenas a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias.

  

https://www.abrilabril.pt/trabalho/dezenas-de-milhares-de-professores-encheram-ruas-de-lisboa

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey