Arte determinada pelas sensações e pelo acaso
Jovem artista cearense faz sua primeira mostra individual em Uberlândia
Nayana Camurça disse que as gravuras traduzem o seu dia a dia | Foto: Divulgação
No fim de cada ano, geralmente fazemos uma retrospectiva da vida, com anotações, textos ou só mesmo em pensamento. No caso da artista plástica Nayana Camurça, 2018 ficou literalmente gravado em forma de arte. Ao longo dos últimos meses, ela fez uma série de imagens, usando a técnica da monotipia, que hoje formam a primeira exposição individual da carreira dela, denominada “Em carne viva”, aberta à visitação na ITV Cultural.
Assim como os dias são únicos, variando com o peso da carga carregada e a força dos braços, as gravuras também são um espelho do dia a dia da artista. Nos dias mais pesados, as gravuras têm tons mais fortes e, nos dias mais tranquilo, a tinta fica mais leve. “O movimento do corpo, das mãos e as forças exercidas na criação das manchas nunca são iguais. Elas são determinadas pelas sensações e acasos que ocorreram no dia da sua feitura”, disse a artista.
Isso, porque a monotipia é uma técnica de impressão que leva o peso e emprego do corpo. Funciona como uma espécie de carimbo. Nayana Camurça escolheu o vidro com superfície para misturar as tintas impressas em papel arroz. O nome monotipia vem exatamente da reprodução em uma prova única, com resultados imprevisíveis. Os corpos retratados no trabalho trazem forte a presença da cor vermelha e por isso o título “Em carne viva”. “Tem tudo a ver com o meu dia. Tem umas gravuras que estão mais fortes, outras mais clarinhas. Depende muito de como eu estou”, afirmou.
A gravura sempre é o foco do trabalho da estudante no 5º semestre de Artes Visuais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Além da monotipia, ela faz xilogravura, com a base feita em madeira. Nayana é cearense, de Baturité, e se formou em Humanidades pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) em Redenção, no mesmo estado. Já morando em Salvador (BA), começou uma licenciatura em desenho na Escolas de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e de lá se transferiu para a UFU, onde está há 2 anos.
SERVIÇO
O QUE: Exposição “Em carne viva”
QUEM: Nayana Camurça
QUANDO: até março, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
ONDE: ITV Cultural - avenida Getúlio Vargas, 869, Centro
ENTRADA FRANCA
INFORMAÇÕES: 3230-7600