Temer insulta a memória de D. Hélder
Uma notícia estranha, que nem circula na grande mídia, afirma que Temer publica por decreto que D. Hélder Câmara é o patrono dos direitos humanos no Brasil. A iniciativa teria vindo do Congresso Nacional.
Roberto Malvezzi (Gogó)
Muitas vezes não dá para distinguir se esse governo é estúpido, cínico, cruel, ou tudo isso e muito mais. Porém, quem tem uma unha de decência intelectual e ética sabe que a maioria desse Congresso e o governo Temer são antagônicos a tudo que D. Hélder foi e sempre defendeu.
Portanto, essa iniciativa só pode ser um insulto à Igreja Católica, já que grande parte do episcopado tem se oposto às crueldades dos mandarins de plantão. D. Hélder merece esse patronato, mas não pelas mãos desse governo.
Não sei a quem cabe recusar essa coisa. Talvez a CNBB ou mesmo o Vaticano através da Nunciatura. O certo é que, se a Igreja Católica do Brasil não reagir a essa ofensa, aqueles que conviveram com D. Hélder e todos os defensores dos direitos humanos, deveriam imediatamente se comunicarem com o Papa Francisco para alertá-lo sobre o insulto e cobrar dele uma posição diante desse cinismo.
Ou, então, só há uma possibilidade de aceitar esse patronato: que Temer revogue o congelamento dos investimentos em saúde e educação; revogue a reforma trabalhista que já joga mais gente no desemprego; revogue as privatizações, inclusive dos bens naturais como terra, água e petróleo; cancele qualquer tentativa de reformar a previdência; retome todas as políticas públicas canceladas como a captação da água de chuva no Nordeste, o Bolsa Família, etc.; principalmente arrume as malas e vá embora, deixando o povo brasileiro em paz.
Roberto Malvezzi (Gogó) é bacharel em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. É assessor de Movimentos e Pastorais Sociais.