Quem precisa de alianças com entulhos políticos para se eleger?
Nos primeiros dias de novembro, a mídia empresarial brasileira espalhou que Lula, o petista pré-candidato à Presidência da República, já estava de mãos dadas com boa parte dos políticos que apoiaram o golpe do falso impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.
Nos primeiros dias de novembro, a mídia empresarial brasileira espalhou que Lula, o petista pré-candidato à Presidência da República, já estava de mãos dadas com boa parte dos políticos que apoiaram o golpe do falso impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. No dia 04/11, O Globo dos Marinho anunciava: "Em ao menos seis estados, PT deve se aliar a PMDB e a políticos que apoiaram o impeachment". E ironizava: "Lula deve martelar que queda de Dilma foi 'golpe', mas quando subir nos palanques estará ao lado de 'golpistas'". (Foto com Lula entre o senador Renan Calheiros e Renan Filho, governador de Alagoas, ilustrava a matéria).
por Fernando Soares Campos
Tudo começou com declarações feitas pelo presidente do PT-SP, Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo e pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo, em entrevista ao Estadão, publicada em 03/11: "'PT deve permitir aliança com partidos pró-impeachment'", disse Luiz Marinho, típica declaração de candidato que visa acima de tudo a vitória pessoal.
Perguntado sobre se "O PT deve fazer alianças com partidos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff?", Marinho respondeu: "Veja, nós temos que recuperar bases. A maioria do povo também apoiou o impeachment [tem certeza?] e nós queremos recuperar a maioria do povo. Não vejo a necessidade de um grande arco de alianças para a candidatura do Lula. Vamos precisar de uma grande aliança para governar, no Congresso. Mas isso pode se dar no processo eleitoral ou pós-eleições. Agora vamos analisar no sentido de ganhar a eleição. Depois se tomam providências sobre composição da base no Congresso".
Assim, Marinho falou igual àqueles inconsequentes que foram à Av. Paulista a favor do impeachment da presidenta Dilma e diziam: "Primeiro a gente derruba a presidente, depois a gente vê como fica". Imagine as possíveis consequências de políticos que agem como se estivessem apostando nas loterias da Caixa.
Leio hoje (01/12) no site jornalístico Brasil 247: "O fracasso do governo de Michel Temer, rejeitado por 95% dos brasileiros, faz com que até partidos que compõem sua base aliada já pensem em abandonar o barco e aderir à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder absoluto em todos os cenários para a Presidência em 2018".
Mas aí eu me pergunto: Quem é que mais precisa dessas alianças fajutas para se eleger? Quem apoiou quem nas eleições de 2014?
Durante a campanha eleitoral de 2014, a maioria dos 513 candidatos eleitos para deputado federal, em conversas reservadas com os eleitores, a fim de angariar votos, jurava que sempre esteve com Lula, "desde criança", e apoiou Dilma no primeiro mandato.
Apenas uma pequena parte dos deputados federais eleitos, ao fazer corpo a corpo nas bases eleitorais durante a campanha 2014, assumiu posições contra os governos do PT. Ainda assim, todos garantiam que não tinham nada contra quem votasse em Dilma, contanto que votassem neles para deputado.
Ou seja: 100% dos deputados federais, em algum momento de suas campanhas, precisaram do apoio de Lula e Dilma para serem eleitos. Portanto a grande maioria dos 367 deputados que votaram pelo impeachment da presidente Dilma traíram não apenas o governo, mas, sim, os seus eleitores, todos aqueles que votaram neles acreditando que dariam suporte ao governo Dilma. E deram, mas somente enquanto não foram chantageados, pressionados por aqueles que indicaram seus nomes às empreiteiras. Estas, por sua vez, contribuíram para suas campanhas, e isso pode ter sido de acordo com a legislação eleitoral ou "por fora", caixa 2, não importa, pois, nos atuais processos que correm na Justiça, qualquer doação de campanha pode ser criminalizada, basta um delator dizer que foi obrigado a doar, caso contrário, os seus contratos com empresas estatais sofreriam embargos. Portanto existem, sim, e não são poucos, os deputados que se sentiram obrigados a apoiar o impeachment, a votar pela deposição da legítima presidenta eleita pela maioria do povo brasileiro. Porém, suas escusas não justificam suas covardias.
PMDB já busca alianças com petistas em 8 Estados - Política - Estadão.
Mas o que estou querendo saber é: Quem é mesmo que mais precisa dessas alianças fajutas para se eleger? É o candidato do PT, ou esses politiqueiros que só querem mesmo garantir suas vitalícias permanências no Parlamento?