Angola: E a 23 de Agosto, só vou estar à janela...
"Na próxima quarta-feira, 23 de Agosto, o País vai a votos. Serão as quartas eleições gerais após a entrada do sistema multipartidário.
Como se sabe a estas eleições concorrem 5 partidos e uma coligação que procurarão acolher, nas urnas, o voto de todos os angolanos.
Bom, de todos, não!
Há alguns, como eu - e como eu, muitos -, que não vão poder ir às urnas depositar aquele que seria o seu voto. Vamos ficar pela janela da oportunidade.
Mas isso não implicou - não implica, até ao momento que escrevo, ou seja, até a uma semana das eleições - como se pôde (tem podido) verificar nas páginas sociais, que não tivéssemos - vou considerar o texto sempre no passado - dado o nosso contributo para o debate político.
Uns, de forma mais acesa e, não poucas vezes, ilógica; outros, mais esclarecidos ou mais ponderados, procuraram eu o contributo e análise da campanha fosse esclarecedora.
De tudo, houve um pouco. E um pouco foi muito.
Mas, como o sistema político nacional ainda não reconhece à Diáspora - à enorme Diáspora - o direito ao voto (nem ao recenseamento eleitoral, tão pouco), irei procurar dar uma curta análise ao que aconteceu, até ao momento de escrita deste texto. E curta, porque como se lerá no texto, como qualquer angolano da Diáspora estive sob claros constrangimentos informativos públicos (e disso o SJA fez eco...).
Como referi, de tudo, houve um pouco. E de um pouco, foi muito.
À partida, não vimos - e deixámos de ver - nestas eleições uma figura que ponderou durante cerca de 38 anos no espaço político. O Presidente José Eduardo dos Santos!
Se fisicamente Eduardo dos Santos não esteve presente, a sua figura política esteve permanentemente no halo das movimentações políticas do MPLA e do seu candidato, João Lourença. O consulado de Eduardo dos Santos esteve sempre presente para a glorificação do sucesso produzido e para justificação do que o candidato presidencial e o seu partido desejam alterar, para grado da jovem camada de eleitores nacionais que vai às urnas pela primeira vez a 23 de Agosto.
Eles vão lá estar, e serão eles os jovens, mais que os Mais Velhos, a ditarem os números das urnas. E serão eles a dizerem se os resultados obtidos serão fundados ou manuseados.
E porque são os jovens eleitores nacionais, que votarão pela primeira vez, e que não sentiram o impacto da guerra que acabou há 15 anos, mas que sentem no seu quotidiano os efeitos e as sequelas da crise económica causada pela baixa do preço do petróleo no mercado internacional, que vão estar na primeira linha decisória do acto eleitoral.
Não foi estranho, por isso, que a Oposição, em geral, e a UNITA e a coligação CASA-CE - mais esta, que o partido do Galo Negro -, em particular, tenham mais procurado intervir junto da camada jovem, com aquilo - e com aquilo que a TPA Internacional nos ia "cedendo" nos seus noticiários diários (e como se sabe, muito pouco, face ao ainda maioritário) - que os jovens eleitores mais desejam: estudo e emprego; ou seja, estabilidade pessoal e profissional. (...)" continuar a ler aqui
Publicado no portal do Novo Jornal em 18 de Agosto de 2017.
Dr. Eugénio Costa Almeida
Pos-Doc by FCS-UAN; Investigador/Researcher at the Center for International Studies (ISCTE-IUL) and CINAMIL (Portugal's Military Academy Centre for Research, Development and Innovation)
http://elcalmeida.net
Foto: Por David Stanley from Nanaimo, Canada - National Assembly Building, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=42610320