Brasil vai a Berlim com dez filmes

Dentro de três semanas, do 9 ao 19 de fevereiro, começará o 67. Festival Internacional de Cinema, do qual participarão dez filmes brasileiros, um recorde de participação nas diversas mostras da Berlinale. 

Na competição internacional de longa-metragens, que distribui Ursos de Ouro e de Prata, estará Joaquim, de Marcelo Gomes, revivendo a figura de Joaquim José da Silva Xavier, num misto de ficção e história do líder da Inconfidência Mineira. A primeira manifestação da consciência brasileira por sua independência.

Na competição internacional de curtas-metragens, cujo prêmio é o Urso de Ouro, foi selecionado Estás Vendo Coisas, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. O curta, que participou da 32. Bienal de São Paulo tem como foco o mau gosto das músicas bregas que dominam hoje o cenário musical brasileiro, filmado numa discoteca pernambucana.

Na mostra Panorama, dois filmes longas-metragens selecionados por Berlim: Vazante, dirigido por Daniela Thomas, e Pendular, dirigido por Júlia Murat.
Vazante revive a época do trabalho escravo dos negros na extração de pedras preciosas em Minas Gerais, fonte da riqueza do Brasil colonial. Na apresentação de Vazante, o Festival assinala a falta de memória brasileira, pois até hoje o Brasil não procurou se resgatar das atrocidades dessa época.

Pendular mostra as relações entre uma dançarina e um escultor e o significado de suas diferenças artísticas. Um tratamento filosófico de gênero, original, de jovens boêmios à beira da meia-idade.

Na mostra Fórum, está o filme Rifle, do cineasta Davi Pretto, uma espécie de western gaúcho, mostrando uma luta pela propriedade da terra, de um grande fazendeiro contra um pequeno agricultor.

Na mostra Fórum Documentos, há ainda o filme de João Moreira Salles, No Intenso Agora, um documentário reunindo cenas da revolta estudantil de maio 68 na França, da invasão da Tchecoslováquia e cenas na China e no Brasil dessa mesma época.

Na mostra Geração, dedicada ao cinema jovem, estão três filmes longa-metragens: As Duas Irenes, do cineasta Fábio Meira, contando a história de duas meio-irmãs com o mesmo nome e mesma idade, filhas do mesmo pai com mães e níveis sociais diferentes. 

Mulher do Pai,
 de Cristiane Oliveira, já premiado no Festival do Rio. O filme acompanha o relacionamento entre uma menina de 16 anos e seu pai cego, por quem a garota fica responsável após a morte da avó. A distante convivência do homem com a jovem é conturbada pela presença de uma professora.

Não Devore o meu Coração,
 de Felipe Bragança, que narra uma história de paixão "amour fou" entre adolescentes de 13 anos, ela índia guarani, tendo como pano de fundo a questão da própria identidade e as disputas por terras na fronteira do Brasil com o Paraguai.

E ainda na mostra Geração, o curta-metragem Em Busca da Terra sem Males, de Anna Azevedo.  Na mitologia Guarani, Terra sem males é o lugar onde os índios, enfim, encontram a paz. Nos arredores da cidade do Rio de Janeiro, um grupo indígena sem terra ergue uma pequena aldeia chamada Ka ́aguy hovy Porã, Mata Verde Bonita. Ali, crianças crescem entre as antigas tradições.

Na mostra Talentos, dedicada a jovens, há ainda em fase de produção, o filme Medusa, na categoria de horror e sobrenatural, de Anita Rocha da Silveira. 

Rui Martins, que estará do 6 ao 19 de fevereiro em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.

 


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Timothy Bancroft-Hinchey