Em face de tamanhas evidências deve-se considerar os adeptos e defensores de tais elementos como seus comparsas, pois, como avançado, os fatos com que nos deparamos são capazes de superar toda e qualquer ingenuidade, por maior que a queiramos.
Iraci del Nero da Costa *
O grupo de sacripantas - o qual apoiei apaixonadamente até os primeiros cem dias do mandato presidencial inicial de Luiz Inácio da Silva - que compuseram a maioria dos organizadores e dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) conseguiram semear a ideia de que tal partido alinhava-se à esquerda e pretendia implementar políticas socioeconômicas aptas a privilegiar as camadas mais despossuídas de nosso população bem como representar os interesses dos trabalhadores em geral. Adotando posturas políticas elásticas conseguiram chegar ao poder central do país e implementar um programa de aparelhamento do Estado e saque continuado do dinheiro público bem como continuada e sistemática exploração e dilapidação das empresas e empreendimentos governamentais. A prisão de seus altos dirigentes e as acusações feitas aos que ainda não foram condenados são provas incontestáveis das afirmações aqui reportadas.
Em face de tamanhas evidências deve-se considerar os adeptos e defensores de tais elementos como seus comparsas, pois, como avançado, os fatos com que nos deparamos são capazes de superar toda e qualquer ingenuidade, por maior que a queiramos. Destarte, não estamos em face de enganados mas de enganadores que se locupletaram com criminosos. Pretender garantir um rótulo de honestidade afirmando "eu nada roubei" trata-se, pois, de mentira grosseira, pois seus comparas o fizeram na mais larga escala. Enfim, colocar-se ao lado do crime significa dele partilhar, sobretudo quando tratamos da vida política e partidária.
A única maneira de relevar a atitude de pessoas que teimam em acompanhar politicamente os referidos criminosos está em aceitar sua absoluta ignorância ou sua insanidade; ora, como reconhecido universalmente, tanto uma como outra condição são bastantes para desqualificar tais indivíduos para a vida política. É impossível, portanto, coonestar o verdadeiro conluio estabelecido entre os que se dizem honestos com os delinquentes em foco.
Postas estas ideias que se definem como centrais em face do momento ora vivenciado, é imprescindível reconhecermos que a corrupção e desvirtuamento das ações políticas persistem entre nós desde o descobrimento do Brasil.
Assim, como fartamente demonstrado pela própria Operação Lava Jato e por inúmeros sociólogos e historiadores, os mais diversos partidos políticos bem como seus integrantes são contumazes espoliadores dos recursos públicos da Nação. Como avançado, o mal maior do PT foi o de apresentar-se quando de sua fundação como uma novel potência política de esquerda ávida de pautar-se intransigentemente pelos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência inscritos em nossa Constituição. No entanto, como sabido, tal esperança, frustrou-se inteiramente.
* Professor Livre-docente aposentado da Universidade de São Paulo.