Que significa REDD? Que significa pagamentos por Serviços Ambientais? Em que consistem estes mecanismos, que ganham cada vez mais importância nas políticas climáticas e ambientais e afetam cada vez comunidades dentro e fora das florestas?
Por Amyra El Khalili - Aliança RECOs
Que significa REDD? Que significa pagamentos por Serviços Ambientais? Em que consistem estes mecanismos, que ganham cada vez mais importância nas políticas climáticas e ambientais e afetam cada vez comunidades dentro e fora das florestas? De fato, a sociedade ainda possui muito pouco conhecimento sobre este assunto, geralmente considerando-o de difícil compreensão e deixando-o nas mãos de especialistas. Existe, todavia um crescente numero de pessoas que questionam tais políticas e se organizam em protestos contra sua implementação. Neste contexto se inserem as quatro vídeo-apresentações disponibilizados na web por Michael F. Schmidlehner .
O primeiro vídeo traz uma explicação do mecanismo REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal) e de Serviços Ambientais a partir da problemática do clima. Quais as principais causas da mudança climática? Como a comunidade internacional vem lidando com isso? A intenção inicial da ONU-Convenção do Clima, de efetivamente reduzir a emissão de gases de efeito estufa, foi gradativamente substituída por uma lógica de compensação de emissões, viabilizando assim os mercados de carbono. Olhando mais de perto para os projetos REDD , enxergamos que se trata de soluções falsas, promovidas pelos interesses particulares de industrias poluidoras, ONGs intermediadoras e de especuladores.
No segundo vídeo, impactos dos projetos REDD e PSA (Pagamentos por Serviços Ambientais) são observados. Projetos REDD privados no Acre assim como uma política de "economia verde" promovida pelo governo deste estado são freqüentemente citados como experiências pioneiras e bem-sucedidas. No entanto, os exemplos do Acre revelam justamente o contrário: Acirramento de conflitos, violações de direitos ameaça à soberania alimentar das comunidades dependentes da floresta e a tendência de desempoderar e criminalizar estas comunidades.
A terceira parte analisa o resultado da última conferencia do clima, o Acordo de Paris. Este acordo - aplaudido e elogiado por governantes e pela grande mídia - de fato representa mais um grande retrocesso. As metas de redução do aumento da temperatura não foram ancoradas em medidas correspondentes. Os países industrializados - e principais responsáveis pelas emissões - não assumiram sua responsabilidade de ajudar os países pobres para lidar com a crise climática. Ao contrário, a transformação das florestas nos países do sul em "sumidouros de carbono" e a implementação das tecnologias da Geoengenharia, após o Acordo de Paris, se apresentam como oportunidades de negocio para aqueles que causam a crise climática.
Após ter exposto nos três primeiras vídeos as ameaças que as políticas de REDD e Serviços Ambientais representam, a quarta parte da apresentação busca identificar reações e propostas alternativas que surgem a partir da sociedade civil em reposta à crise. Um movimento vem se criando, opondo-se contra as falsas soluções que empresas, governos e a ONU querem impor. Mais e mais pessoas reconhecem a necessidade de uma mudança paradigmática da nossa convivência na terra, propondo visões alternativas.
A principal intenção destas apresentações é de desmistificar REDD e Serviços Ambientais, divulgando informações criticas acerca destas políticas em linguagem acessível, e incentivando pessoas para que encararem este assunto e participarem dos diálogos da sociedade civil sobre o mesmo.
Sobre Michael F. Schmidlehner: Filósofo pela Universidade de Viena, austríaco nato e brasileiro naturalizado, Michael vive no Acre desde 1995, onde vem trabalhando como professor de filosofia e atuando como pesquisador e ativista nos contextos de justiça climática e ambiental.
Assista as vídeo-apresentações aqui