O Zé está estupefacto...

O Zé está estupefacto...

O Zé está estupefacto com algumas notícias que têm vindo a lume...

Então o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas que, à pala da Austeridade pôs os portugueses mais pobres "a pão e água", no fecho do expediente assinou o despacho que aumenta o salário dos gestores públicos em 150%? Pois é. De uma hora para a outra, um deles, o presidente da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), saltou de uns míseros 6.030,00€ para 16.075,00€. Mas o arranjinho foi, na devida altura, também aprovado pelo PS, que está agora à frente dos destinos do "Portugal dos Pequeninos". Não dá para entender nem do ponto de vista da paridade com outras funções do estado com mais responsabilidade, como é o caso d 1º. Ministro, nem do ponto de vista ético... Uma verdadeira imoralidade!

Ainda não refeito do choque traumático do arranjo aeronáutico, o Zé é confrontado com mais outra notícia sem vergonha da politicagem à portuguesa. Durante a campanha eleitoral para a presidência da República, alguém lembrou-se de denunciar que a cândida Maria de Belém constava da lista dos 30 deputados (21 do PS e 9 do PSD) que solicitaram ao Tribunal Constitucional que revertesse o corte das subvenções vitalícias para os pobres dos políticos que trabalham duramente em prol do povo, medida promulgada em 2005, pelo então governo do socrático, "ingineiro" José Sócrates. E o tal tribunal, que quanto à Austeridade sobre os mais fracos ficou-se pelo "nim", neste caso foi rápido e decidiu-se a favor dos "peticionários", entre os quais se encontrava a candidata a "presidenta". Os guardiões da Constituição evocaram a confiança como justificativa para a reposição da subvenção vitalícia e com efeitos retroactivos(???). Basta 12 anos de mandato, mandato que para alguns deputados dá até para dar uma soneca, ler jornais e até jogar o solitário ou à batalha naval pelo telemóvel com colegas da bancada, para beneficiar desta exclusiva benesse. Mais, quando atingirem os 60 anos de idade, a subvenção passa para o dobro. O Zé sabe que mesmo na Assembleia há gente séria, mas com tanta desfaçatez torna-se difícil de distinguir o "joio do trigo"... O Orçamento de Estado de 2015 inclui esta despesa e os seguintes terão que contar com este item que vai aumentando com o número de deputados que se "reformam" e se tornam sexagenários. Depois dizem que o dinheiro não chega...

Ainda mal aqueceu o lugar e já o novo governo de António Costa começou a fazer asneiras... encomendou um faqueiro de prata estilo D. João V no valor total de cerca de 75 mil euros. A encomenda foi feita a uma loja da baixa de Lisboa que por sua vez manda fabricar na Alemanha. Rico negócio! Pensou o Zé com os seus botões... que contribui para o défice da nossa Balança Comercial. Ao que parece o governo de Passos Coelho fez o mesmo, mas com loiça... Desta feita porém foi contemplada a indústria nacional. Do mal, o menos... Honra lhe seja feita. Mas o Zé interroga-se para quê tanto luxo diplomático quando temos cerca de 40% da população passando mal, havendo mesmo quem dependa da caridade institucional da Igreja e de organizações de solidariedade social para não morrer há fome?

Ainda mal o Zé alinhavava estas linhas e tomou conhecimento que o Orçamento do Estado para 2016, o tal que andou entre Bruxelas e Lisboa até que o Ministro das Finanças acertasse o passo com a (des)União Europeia e com a Esquerda parlamentar, é generoso com a Presidência República, que está coitadinha quase na falência, aumentando-lhe a dotação orçamental. Ou seja, o Estado engorda o que já está demasiadamente gordo... Mas será que estes políticos não têm vergonha? Oxalá que Marcelo Rebelo de Sousa, próximo presidente, faça uma limpeza na casa presidencial, uma vez que parece ser uma pessoa muito poupadinha... Para já não tem primeira-dama, pode aí poupar um secretário e um motorista com o respectivo carro. Também pode poupar nos funcionários e nos carros... Não se compreende por quê um só homem precisa de 242 funcionários e 49 viaturas, sendo que destas, 36 estão em regime de aluguer de longa duração! E ainda falam mal da Grécia... Lembram-se? É por causa desta mordomia presidencial, que há quem diga e com razão que o presidente de "todos os portugueses" (diga-se na verdade que, graças à abstenção, 54% incluindo os votos nulos e brancos, só uma minoria de cerca de 27% dos eleitores escolheram o futuro presidente...), fica mais caro ao País que a família real espanhola. Viva o Rei! Pelo menos poupávamos o dinheiro das eleições... O Zé pergunta se já pensaram nisto?

O Zé supõe que Portugal seja um país uno e indivisível e que por isso qualquer cidadão é livre de trabalhar em qualquer parte do território português, incluindo o mar da sua Zona Económica Exclusiva. Ora qual não foi o espanto dele, que no recente encontro entre os Governos Regionais dos Açores e da Madeira, estes tenham assinado protocolos para autorizar os pescadores de cada região a poderem exercer a sua arte no mar da outra... Afinal como é? Não somos o mesmo país? Parece que andamos a exagerar o conceito de autonomia, fazendo desta uma cidadela amuralhada onde só se entra por uma única porta, sendo necessário uma licença e o pagamento de uma taxa, já agora... Caros Senhores, a Autonomia não deveria servir para nos dividir, mas para unir os portugueses.

O Zé que é homem vivido dentro e fora de Portugal; que viveu no Brasil calor de 44 graus à sombra, secas de curtir a pele e rachar o barro dos caminhos; enchentes até à soleira da porta, com vizinhos e gado a fugirem para não morrerem afogados; enchentes de trazer peixes do mar e cobras e lagartos, isso lá pelos anos sessenta do Século XX, levantou o sobrolho quando ouviu na televisão que o ano de 2015 foi o mais quente desde que há registos, provando-se assim que estamos vivendo de facto um "Aquecimento Global" de consequências catastróficas para a Humanidade, acrescentou o pivot de serviço com o ar mais sério deste mundo... Como "gato escaldado tem medo de água fria", o Zé pediu ao seu sobrinho, que é expert em informática, que fizesse uma pesquisa no Google, para tirar a limpo a notícia. E o resultado foi o seguinte. O ano mais quente dos últimos 15 anos foi o de 1998, de acordo com registos a partir de satélites da NASA. Segundo os meios científicos que discordam das conclusões catastróficas do IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas), as observações do sistema de satélites são mais fiáveis que a rede de medição de temperatura instalada à superfície do planeta, que, como já foi denunciado, está obsoleta e algumas sondas estão instaladas junto a fontes de calor artificial e outras, por falta de manutenção, não funcionam adequadamente. Por outro lado, o douto sobrinho do Zé, informou que a leitura das observações por satélite dão, ao contrário do que se afirma na "mídia" comprada, assustando o comum dos cidadãos com um calor dos diabos... é que a temperatura média global tem-se mantido, salvo pequenas oscilações decimais! Foi o que ocorreu em 2015, que teve um pequeno aumento, décimas de 1 grau, acima da média e que se deveu ao famoso "el niño", fenómeno natural que ocorre ciclicamente. Como explicar isto à pobre vizinha Josefina que cada vez que encontra o Zé fala que estamos no fim dos tempos... Os ambientalistas radicais estão como alguns padres da Idade Média, que insistiam no fim do mundo e o pintavam como o Inferno de Dante para desse modo conquistarem as almas perdidas... que se afastavam da Igreja por esta não os ter salvado da Peste Negra... O problema era então sanitário e não sobrenatural... Hoje as afirmações como estas, sem demostração científica, fundamentada, estão muito próximas da crença... Por isso o Zé anda cada vez mais céptico a respeito de tudo...  

Artur Rosa Teixeira

(artur.teixeira1946@gmail.com)

 

Ponta Delgada, 08 de Fevereiro de 2016

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey