Brasil: A Manifestação vista do Alto do Caminhão

Dia 12 não foi minha primeira manifestação. Já faço isso há mais de 20 anos e essa não será a última, mas foi com certeza um momento singular e gostaria de dividir com vocês a visão desta mulher, casada, mãe de família de 38 anos, que ainda tem sonhos de menina idealista.

Do alto do caminhão de som do Acorda Brasil, pude cantar com orgulho e emoção o hino nacional e comandar a ação com mais de 2000 balões subindo aos céus, das mãos de pessoas que, como eu, acreditam que o Brasil tem jeito.

Passei minha juventude ouvindo duas coisas: (1) o Brasil é o país do futuro e (2) na política só tem bandido. Hoje combato a percepção melancólica de que o Brasil não tem futuro e de que as pessoas de bem se afastaram da política, deixando-a nas mãos dos bandidos.

Eu sou empreendedora, eu me viro, mas e a minha filha de 4 anos? Qual o legado que quero deixar a ela? Qual país ela vai ter pra crescer e se desenvolver?

Ir para a rua é com certeza um ato de civismo, mas gritar #ForaDilma resolve? Isso ficou batendo na minha cabeça após as manifestações de 15 de março. Ta bom, a gente faz pressão, tira ela do poder, e acontece o quê no dia seguinte? Qual o nosso projeto de país?

Tendo em comum essa aflição e o ideal da liberdade, nós do Acorda Brasil nos juntamos para encarar esse desafio. Alguns já estavam em outros movimentos, outros estavam no chão, assim como eu, e juntos resolvemos dar um passo à frente, pensar no dia seguinte, com ou sem Dilma no poder.

Há várias formas de conseguir mudanças: há a truculência opressora e há também o diálogo democrático, com sensibilidade e capacidade de ouvir. Ambas funcionam, mas com desdobramentos diferentes. A transformação pela via do diálogo às vezes demora um pouco mais, mas quando acontece é porque veio para valer; e sem violar os direitos de ninguém.

Imbuídos dessa vontade de transformar, propondo alicerces sólidos para a nossa sociedade, em menos de 10 dias nossa proposição de reformas efetivas ecoou pelas midias sociais. Organizamos nossas propostas para uma profunda reforma política e publicamos um manifesto que em uma semana já tem mais de 20 mil assinaturas.

Levamos alegria e propostas às ruas. Não somos piqueteiros profissionais e estamos longe da perfeição! Mas pontuamos uma nova forma de manifestar, com propostas claras, com uma agenda propositiva. Fizemos isso com o amor que temos pela nosso país e foi com esse sentimento que pintamos o céu com balões verde-amarelos.

Não somos um movimento de rua, somos um movimento de propostas, que serão batalhadas todos os dias, com ou sem manifestação.

Buscamos antes de tudo o diálogo. O diálogo com outros grupos, com a sociedade e com a classe política, pois sem eles não existem reformas.

Iremos as ruas quantas vezes forem necessárias. Afinal, as manifestações - e o desejo de mudança que as anima - são muito maiores e mais profundas do que mostram os canais de TV.

Alessandra Ferreira de Andrade, 38 anos, empreendedora, é uma das porta-vozes do Movimento Liberal Acorda Brasil.

 


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Timothy Bancroft-Hinchey