A política brasileira é marcada por uma sucessiva ação de golpes.
É a razão principal da boataria que correu com força principalmente nas redes sociais, mas se abrandou no momento. Por ter sido mínima a diferença de votos na eleição presidencial, colunistas de direita comprometida e várias pessoas sem a menor formação política, articulavam um pedido de impeachment da presidente da República.
A medida é legal e constitucional, mas para ser aplicada sempre que for cometido ilícito grave por dirigente do poder executivo. É processo não cabe ao judiciário, mas ao legislativo, nas suas duas casas quando se trata da presidência da República. Não se tem prova, até o presente momento, que a reeleita Dilma Rousseff tenha cometido infração que justifique a instauração do processo.
A República vai muito mal. O Brasil é recordista de homicídios no mundo, a criminalidade campeia, a economia nunca esteve tão fraca, inflação sem o menor controle, estradas, saúde e educação não atendendo às necessidades do povo. Mas isso é mau governo, não crime.
Enquanto a esquerda mais ativa procura soluções radicais, a direita reacionária quer soluções incabíveis, como a entrega do poder aos militares. O fato é tão sem cabimento que nenhum movimento fardado está se ocupando de política, nem deseja o poder. As Forças Armadas cumprem rigorosamente o seu dever, como a "guarda da pátria".
O que está havendo é o desenrolar do processo que envolve a Petrobras, e aí sim, pode surgir prova ou nome realmente comprometido. Se não surgirem provas, é bom que os afoitos se aquietem e deixem o assunto nas mãos dos deputados e senadores, salvo surgindo fatos sérios que fiquem ao descaso. Justificam as passeatas de protesto, como nos tempos do governo Collor. O Congresso tirou-o do poder, é verdade, mas pressionado pelo povo que não deu tréguas.
Um fato porém é de ser ressaltado. Existe o crime de responsabilidade fiscal, inicialmente cogitado para punir prefeitos que gastavam mais do que arrecadavam. A lei está em vigor, e até o presente momento as contas de despesa e receita do governo federal não fecham. Ora, tal fato colocaria a presidente como autora de crime, criando uma confusão nunca vista no país.
O ano fiscal não terminou, e acertos sempre foram feitos tanto aqui como em muitos outros países.
A questão não é essa. O sério, difícil e muito trabalhoso vai ser a administração do país em 2015, quando a "herança maldita", fato tão comentado pelos dirigentes, vai ter que ser gerida por quem deu origem a mesma.
Jorge Cortás Sader Filho é escritor