RECIFE - Há pelo menos uma década, Pernambuco vem apresentando um crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB) superior ao PIB brasileiro. Em 2012, o PIB do Estado cresceu 2,3%, enquanto o do País foi de pífios 0,9%. Para este ano, a previsão é que chegue a 5%, enquanto o do Brasil deve ficar em torno de 4%, segundo estimativas de técnicos do próprio governo federal. Esse desempenho explica por que Pernambuco tem atraído tantos investimentos para a região.
Mauro Lourenço Dias (*)
Montadoras, estaleiros, fabricantes de cerveja, fabricantes de equipamentos para captar energia eólica, indústria siderúrgica e empresas varejistas, entre outros setores, têm ampliado sua presença em Pernambuco, que, a exemplo dos demais Estados nordestinos, também recebe investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No complexo industrial junto ao porto de Suape, está instalado um polo de empresas da cadeia de petróleo, gás offshore e naval.
Aliás, o porto de Suape, na região metropolitana do Recife, é um exemplo desse novo Nordeste que está em construção. Em 2012, Suape movimentou cerca de 11,2 milhões de toneladas, dos quais 50% de granel líquido, 42% de carga conteinerizada, 6% de granel sólido e 2% de carga geral solta. A projeção é que Suape alcance 50 milhões de toneladas movimentadas em 2016 e 90 milhões em 2020.
Com uma extensão de 14 mil hectares e seis quilômetros de cais, Suape figura entre os maiores portos do mundo em extensão e vem atraindo a atenção de investidores nacionais e internacionais, principalmente em razão de sua curta distância em relação à costa norte-americana e ao Leste Europeu, de apenas oito dias de viagem.
A sua concepção de porto-indústria oferece condições ideais para a instalação de empreendimentos dos mais diversos segmentos. Recentemente, ganhou novos berços e, além disso, conta com fornecimento de gás natural, energia elétrica, água bruta e água tratada. Com mais de uma centena de empresas instaladas e mais de 20 novas plantas em construção, o complexo industrial-portuário de Suape constitui o motor econômico da região metropolitana do Recife, gerando 40 mil empregos para trabalhadores dos municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho, principalmente.
Porto de águas profundas, Suape tem registrado, todos os anos, crescimento no fluxo de navios porta-contêineres, o que confirma a retomada do movimento do comércio internacional e a superação da crise financeira de 2008. Embora seja marcadamente um porto importador, ao contrário do porto de Pecém, no Ceará, Suape tem contribuído, de maneira efetiva, no escoamento não apenas das exportações de Pernambuco como de outros sete Estados da região, que representam juntos 90% do PIB do Nordeste.
Se em 1983, quando começou a operar efetivamente, apresentava movimentação pouco expressiva e vivia cercado por pouca credibilidade, hoje esse cenário mudou completamente, a ponto de o porto de Suape ter recebido epítetos que vão de "locomotiva" à "jóia da coroa" pernambucana. Quem apostar hoje no crescimento de Suape só terá a ganhar.
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(*) Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br