HELDER CALDEIRA*
O interessante é que se esperava de Dilma uma postura mais séria, sensata e de otimização dos gastos públicos. Muito se falou, até de forma meio machista e preconceituosa, sobre o fato da presidente ser mulher e ter uma noção mais apurada de economia doméstica. Mas, ao que tudo indica, madame Rousseff, apesar de economista por formação, sempre passou bem longe dos gastos de uma casa. Em tempo de forte contenção de despesas (argumento do Governo Federal para não dar os merecidos aumentos de salários para os professores, policiais, servidores públicos e afins), a tribo palaciana gasta, sem dó ou piedade, milhões de Reais com "atos oficias" absolutamente desnecessários e nada inteligentes.
Vejamos a agenda da excelentíssima senhora presidente na segunda-feira, dia de 13 de fevereiro de 2012. Depois de receber o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Qishan, no Palácio do Planalto, e bater um papinho sobre os comunas escravagistas do oriente, Dilma embarcou às 14 horas rumo ao Rio de Janeiro. Objetivo: participar da solenidade de posse da amiga Maria da Graça Foster como nova presidente Petrobras. De carona no "AeroLula", seguem as mais diversas espécies: parlamentares aliados, ministros de Estado, apaniguados políticos e toda equipe de assessoria presidencial. Pouco tempo depois, às 17 horas, a turma volta para Brasília. Uma farra, em suma!
Vale ressaltar que não podemos (nem devemos!) minimizar uma cerimônia dessa estatura. Mas vamos e convenhamos: a solenidade bem poderia ser realizada na sede do Ministério de Minas e Energia, órgão responsável pela estatal, em Brasília. A nova presidente da Petrobras pegaria um voo comercial (pagando, no máximo, R$ 500) e seria paparicada na Capital Federal da mesmíssima forma. E para não desprestigiar os altos funcionários cariocas, no dia seguinte Maria da Graça Foster poderia realizar um rito interno no salão nobre da empresa, no Rio de Janeiro. Mas ninguém quer economizar nessas horas. O negócio é torrar o dinheiro público sem qualquer parcimônia.
Como não há bons exemplos partindo dos "andares de cima", a sacanagem aérea oficial corre solta. Desde o primeiro ano do governo petista do ex-presidente Lula, em 2003, até os dias da poderosa Dilma, nunca antes na história desse país se gastou tanto com viagens oficiais em todas as instâncias. E que ninguém se engane: além dos gastos com os voos, cada integrante dessas comitivas ainda recebe valores extras a título de "diárias de viagens". Uma única viagem curtinha da presidente chega a custar, no fim das contas, cerca de R$ 200 mil aos cofres públicos.
E não é só Dilma quem brinca de voar pra lá e pra cá à custa do dinheiro público. A bandalheira das viagens oficiais desnecessárias e sem qualquer princípio de otimização dos gastos infestou os Poderes. Virou farra generalizada! Basta observar a denúncia do jornal Folha de São Paulo contra o ex-ministro da Educação e atual pré-candidato petista à prefeitura paulista. A matéria investigativa do repórter Lúcio Vaz apurou que, entre 2010 e 2011, Fernando Haddad fez 129 deslocamentos aéreos em jatinhos da FAB. Desse total, em 97 viagens o então ministro estava acompanhado da família. A utilização de aeronaves oficiais é regulamentada pelo decreto federal nº 4.244/2002, que garante o transporte de autoridades para agendas de governo e para suas residências. Mas não há uma única linha no decreto assegurando a extensão desse benefício a familiares e amigos das autoridades. Dane-se! Já que não sai do bolso deles, o negócio é rosetar!
Em última instância, se essas viagens, ditas oficiais, resultassem em eficiência da máquina administrativa, poderíamos tentar justificar a gastança. Mas, 90% dos casos são apenas passeios e campanhas eleitoreiras fora de época, disfarçados em inaugurações de obras inacabadas e discursos palanquistas. O nosso suado dinheiro paga tudo isso. Voa, dona Dilma! Porque o povo brasileiro seguirá a pé, bancando a pajelança aérea oficial. Voa, dona Dilma, pode voar!
Escritor, Jornalista Político, Palestrante e Conferencista
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