As Ilhas Malvinas no Horóscopo Olaviano
A Guerra Híbrida que se trava no mundo atual tem várias frentes e diversificadas armas. Podemos conhecer o objetivo, em determinado momento, a atuação de alguns agentes, mas é difícil, sem um detalhamento dos atores, suas bases ideológicas e os recursos operacionais utilizados, precisar de onde virão os próximos tiros, se serão "fakes" ou efetivos, e quais seus alvos.
As últimas agressões de Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (Campinas, 1947), autodidata, blogueiro e astrólogo, aos militares brasileiros, podem ser associadas à informação na coluna de José Casado, em O Globo (07/05), sobre a situação na Venezuela (Narcoterrorismo chega à fronteira do Brasil), e às informações do Valor Econômico (de propriedade do Grupo Globo) sobre a postergação de projetos das Forças Armadas (FFAA), em 08/05, confrontadas com o que publicou o mesmo jornal, em 02/01/2019, na posse do general Fernando Azevedo e Silva: "o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que vai garantir o orçamento para o que considera o bom funcionamento e desenvolvimento de projetos das Forças Armadas".
Sabemos que participam deste embate, de um lado o sistema financeiro internacional, a banca, e sua ideologia de fachada, a neoliberal, o "deep state" estadunidense, isto é, o poder nos Estados Unidos da América (EUA) que não se submete a voto, e os agentes no Brasil de ambos segmentos. E temos um objetivo destas forças: a desconstrução do Estado Brasileiro. "Num jantar com lideranças conservadoras ontem à noite, em Washington (EUA), o presidente Jair Bolsonaro disse aos presentes que o sentido de seu governo não é construir coisas para o povo brasileiro, mas desconstruir" (Valor, 18/03/2019).
Colocados estes dados vamos às premissas.
O que pode ser a desconstrução do Brasil?
Em maio e agosto de 2017, na página "Opinião" do Monitor Mercantil, tive publicados "A Teoria dos Valores, nossa próxima colonizadora" e "Ai de vós, mestres da lei e fariseus hipócritas!", respectivamente. Ambos artigos alertavam sobre a entrada na academia e na política brasileiras, pelas mãos do judiciário, da ideologia do Direito Justo, de Karl Larenz (1903-1993), professor na Universidade de Munique.
Nas "Monografias Civitas", da Civitas Ediciones (Madrid, 1985), foi publicado, na tradução e apresentação do professor Luis Díez-Picazo, "Derecho Justo - Fundamentos de Ética Jurídica". Ainda que trate do direito e do pensamento jurídico, Larenz cria um poder acima dos poderes para que as sociedades, ditas democráticas, adotem. Em tradução livre, transcrevo: "Os princípios do direito justo reclamam uma vigência distinta do direito positivo. Não vigoram em virtude do estabelecimento ou da autoridade de um legislador, nem pela convicção jurídica, mas por causa de sua justeza". Nada mais impreciso, como na guerra híbrida.
E quem determina o que é o direito justo?
Larenz coloca na pessoa, na capacidade moral e intelectual de indivíduos, no respeito que seus próprios atos devem causar, a responsabilidade de formular o direito justo, Busca assentar este verdadeiro nazismo em Rudolf Stammler (1856-1938). Mas o próprio Stammler, criador da expressão direito justo, para o que desenvolveu uma teleologia jurídica, reconhece que este ideal do querer puro, livre, incondicionado, é um ponto de orientação, eternamente inatingível (R.Stammler, Economia y Derecho, Reus Editorial, Madrid, 2013).
Mas faz sentido na amoral concentração de renda neoliberal, na antissocial busca pela receptação de todos os ganhos, o pensamento jurídico de Larenz. Ele orienta - se o verbo orientar for adequado - as ações desconcertantes de bolsominions, olavetes e, incrivelmente, alguns militares neste Condomínio Governamental.
O caso venezuelano, um clássico da agressão imperialista, pode servir à desejada "desconstrução" do Estado Nacional, como ocorreu na Argentina de Leopoldo Galtieri, lançando aquele país, por 10 anos, nas mãos demolidoras de Carlos Menem (1989-1999).
Em nossa farsa, as FFAA, desarmadas, desmotivadas, seccionadas entre a tropa (do sindicalista Bolsonaro) e o comando, em sua maioria, ver-se-ão alvo de uma inédita má avaliação popular (o que sempre ocorre com derrotados), abrindo as portas do Estado para nosso Menem: a dupla Guedes-Moro.
Neste cenário, haveria talvez um vitorioso retorno do "Homem de Virgínia" (sic), substituindo o agora indesejado General Antônio Hamilton Martins Mourão, cujo nome, durante a campanha, o capitão confundiu (Freud explica?).
Tudo se ajusta e se confirma nesta nova ordem mundial, neste império da banca, onde as pessoas são descartadas (uberização, pejotização, automação, virtualidades) e apenas o dinheiro, sem sequer expressão material (onde estão os bitcoins), importa.
E, ironicamente, com Deus acima de todos (!).
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
Por Heretiq - Obra do próprio, CC BY-SA 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1396876