Temer, um estorvo em qualquer palanque

Temer, um estorvo em qualquer palanque

por Fernando Soares Campos

Só agora entendi por que Michel Temer decidiu disputar por mais um mandato de presidente nas eleições de outubro. É que todos os pré-candidatos rejeitam seu apoio, o que se tornaria uma espécie de "abraço de afogado".

Geraldo Alckmin, provavelmente, mandou alguém incentivar Temer a se candidatar, pois isso o transforma em seu "adversário" de campanha.

Ser adversário de Temer pode até não render muitos votos, mas tê-lo como correligionário, ainda mais se ele declarar ao público o seu apoio incondicional, o apoiado perde, de cara, milhões de votos.

Nos debates na TV, naqueles blocos em que um candidato escolhe aquele que deve responder às suas perguntas, todos irão querer tirar uma casquinha de Temer, que comprovadamente, além de ter trazido o Brasil para este buraco enlameado, não tem, como Lula, savoir fair, physique du rôle ou sex appeal. Temer será o saco de pancada de todos os outros candidatos, mas terá papel especial como o sparring de Alckmin. Temer deve saber disso, se não sabe de fato, mas tem consciência de seu papel.

A banalização da corrupção

O general que, na véspera do julgamento de Lula, ameaçou o STF com tweets contra o Habeas Corpus e a favor da prisão do ex-presidente após julgamento em segunda instância, fala, sorridente, o lado de Temer, contra a "corrupção".

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em evento militar, ao lado de Michel Temer, o presidente da República que mandou uma de suas fontes de propina manter pagamentos ao presidiário Eduardo Cunha, a fim de comprar seu silencio, criticou a "banalização da corrupção" no Brasil.

Daí deduzimos que o general comandante do Exército considera que quem recebe um muquifo mal acabado, apelidado de triplex, como propina, está banalizando a corrupção. Não é o caso de Michel Temer, a quem a PGR imputa-lhe crimes por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa, porém tudo realizado sob o mais elevado nível profissional, movimentando astronômicas cifras, ostentado os mais altos subornos da História deste País.

Corrupção é isso aí! Agora entendemos que todos nós temos o dever de preservar e valorizar uma atividade tão dignificante, cabendo penalidade severa àquele que a banalizar. 

Comandante máximo, propina mínima

Não basta acusar Lula de corrupção, tem que fazer dele um corrupto barato, capaz de aceitar uma coisa daquelas, apelidada de triplex, como objeto de uma transação entre ele e uma empreiteira corruptora desde a sua criação.

Enquanto isso, seus acusadores se contradizem imputando-lhe a condição de "comandante máximo" dos esquemas de corrupção investigados pela Lava Jato, ao mesmo tempo em que fazem dele um corrupto pé-de-chinelo, que aceitaria um apartamento daqueles, que realmente não passa de dois "Minha Casa Minha Vida", padrão básico, um em cima do outro, e mais uma areazinha no terraço.

Taí, se um juiz morasse num daqueles apartamentos, mesmo sendo seu proprietário, esse magistrado deveria ter, sim, o direito a auxílio-moradia, pois alguma coisa precisaria compensar a sua torturante condição de morador numa coisa equivalente a uma guarita de quartel, ou às acomodações de um velho farol.

Aquilo não serve para abrigar uma família, mesmo que seja apenas em finais de semana. Talvez servisse para guardar malas de dinheiro.

Se me dessem aquela coisa, com a escritura passada, mas apenas para morar, sem direito a vendê-la, eu só não a recusaria se morasse na rua, pois aquilo é, sem dúvida, um ambiente sufocante, como revelou o vídeo produzido pelo pessoal do MTST. 

Assista:  O famoso triplex, por dentro

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Timothy Bancroft-Hinchey