Passados quase 2 mil anos de um dos crimes mais abomináveis da história, senão o mais abominável, a crucificação e morte de Jesus Cristo, em Jerusalém, capital eterna da Palestina, novamente a Terra Santa é banhada em sangue inocente, desta vez de dezenas de mortos e centenas de feridos palestinos na sitiada Gaza, cujo "crime" foi lembrar, hoje, de outro crime, cometido em 30 de março de 1976, na Nazaré da família de Jesus Cristo, também contra o povo palestino, quando estes, tal qual neste 30 de março de 2018, desarmados, apenas protestavam contra os confiscos de suas terras pelo ocupante israelense.
Por FEPAL
O dia 30 de março é lembrado, todos os anos, como o Dia da Terra, alusivamente ao massacre e prisões de civis palestinos que neste dia de 1976 tentaram impedir que Israel roubasse suas terras e os expulsasse delas, tal qual vem fazendo desde 1948, quando se autoproclamou estado sobre a Palestina histórica, expulsando ou matando mais de 65% do povo palestino e tomando 78% de sua terra ancestral. No 30 de março de 42 anos atrás foram 6 os mortos, dezenas os feridos, centenas os presos.
Neste ano coincide que a data é lembrada numa Sexta-Feira Santa. Em Gaza, como em toda a Palestina e em todo o mundo, a data foi novamente lembrada, inclusive com ênfase no direito de retorno de todos os que foram expulsos e hoje vivem como refugiados (mais da metade da população de Gaza é de refugiados expulsos de suas terras, casas e negócios em 1948, bem como, alguns, em 1967).
Os manifestantes palestinos, desarmados, concentraram-se nas fronteiras de Gaza, pedindo, além do direito ao retorno, com base no direito internacional (a Resolução 194, da ONU, obriga Israel a que permita o retorno de todos os palestinos que expulsou, restitua suas propriedades e bens e os indenize e a seus descendentes), o fim do desumano e amplamente condenado cerco ao território, que já dura mais de dez anos e já leva a região a um desastre humanitário sem precedentes, de acordo com dados de organismos internacionais de direitos humanos.
Israel, em mais uma demonstração de brutalidade e de desrespeito aos mais elementares direitos humanos, ao direito internacional e às resoluções da ONU, atacou os manifestantes com bombas de gás tóxico, munição letal e até com morteiros. Resultado: até o momento 15 mortos confirmados, 1.100 feridos, muitos com gravidade ou mutilados.
O regime de segregação racial e de Apartheid de Israel, dando sequência à sua política oficial de expulsão do povo palestino de sua terra, com visas à integral LIMPEZA ÉTNICA de toda a Palestina, tem imposto a Gaza toda sorte de privações, como o impedimento de entrada e saída de pessoas, mesmo que para tratamento médico, de medicamentos e outros gêneros de primeira necessidade, entre eles alimentos, material de construção, o que tem impedido a reconstrução da infraestrutura e das quase 20 mil residências arrasadas nos ataques de 2008/2009, 2012 e 2014, que mataram perto de 5 mil pessoas imediatamente e feriram e mutilaram dezenas de milhares, especialmente mulheres e crianças.
A Comunidade Internacional precisa dar fim a este banho de sangue sem fim imposto por Israel ao povo palestino, antes que seja tarde. O regime segregacionista de Israel já demonstrou, em repetidas ocasiões, que não quer a paz na região e, menos ainda, reconhecer os direitos do povo palestino, especialmente seu direito ao Estado da Palestina, já reconhecido pela ONU e por pelo menos 150 países.
Os crimes desta Sexta-Feira, sagrada para mais de 1,5 bilhão de cristãos e reverenciada pelo restante da humanidade, entre eles os também perto de 1,5 bilhão de muçulmanos, revelam o quanto Israel não respeita sequer as sacralidades da Palestina e dos fiéis que ancoram suas espiritualidades nela.
O banho de sangue de hoje na Palestina é um indicador que coisas piores ainda estão por vir se Israel não for freada pelo mundo civilizado, que apenas começam sua nova etapa da tomada total da Palestina com a anexação de Jerusalém, lamentavelmente apoiada pelo atual governo dos EUA, único a fazê-lo no momento, malgrado a condenação da Comunidade Internacional.
Os palestinos residentes no Brasil clamam aos Governo e povo brasileiro, clamam à cristandade e demais religiões para que denunciem e condenem os crimes de Israel, especialmente o desta Sexta-Feira Santa. Que o sangue do palestino Jesus Cristo não tenha sido derramado em vão sobre esta Terra Santa, esta terra habitada por seu povo, o palestino, há mais de 11 mil anos ininterruptos.
FEPAL - Federação Árabe Palestinas do Brasil
Fonte: Oriente Mídia