A guerra dos italianos
Itália e Alemanha somente se organizaram como estados nacionais tardiamente em relação às outras potências européias e por isso ficaram de fora da partilha colonialista das riquezas da África e da Ásia.
A partir do fim da Primeira Grande Guerra, se consolidou o domínio, principalmente da Inglaterra e França, sobre as colônias africanas e asiáticas. A reivindicação de uma participação nesses butins, se tornou uma política permanente dos governos italiano e alemão quando chegaram ao poder, Benito Mussolini, na Itália, em 1922 e Adolf Hitler, na Alemanha, em 1933.
Enquanto Hitler ambicionava mais diretamente a conquista de terras no leste europeu, Mussolini sonhava em restaurar o Império Romano, começando pelos países africanos próximos ao Mediterrâneo.
O Início da Segunda Guerra deu a Mussolini a oportunidade de realizar seus sonhos imperiais, mas o que se viu foi uma sucessão de fracassos, que só terminaram com a sua execução em Milão, em abril de 1945 pelos "partigianis" italianos.
Em abril de 1940, os italianos invadiram a Grécia, mas rapidamente foram derrotados pelos gregos , o que obrigou a uma intervenção alemã.
No ano seguinte, os italianos são derrotados pelos ingleses na Líbia, mas mesmo assim, Mussolini envia 230 mil homens para auxiliar os alemães na invasão da União Soviética, de onde serão expulsos mais tarde pelos russos.
Buscando um acordo com os aliados, o Rei Victor Emanuele destituiu Mussolini do cargo de Primeiro Ministro, em junho de 1943,nomeando para o seu lugar o General Badoglio, que assinará o armistício com os aliados em setembro.
Mussolini será preso, mais tarde resgatado por um comando alemão e levado para o norte da Itália, ainda em poder dos nazistas, para presidir a efêmera República de Saló, até tentar fugir e ser preso pelos guerrilheiros italianos.
Quando abandonou a aliança com os alemães, a Itália tinha milhares de soldados subordinados ao comando militar nazista.
Como a maioria dos soldados italianos optou por não se integrar ao exército alemão, Hitler e Himmler, decidiram que eles seriam empregados como mão de obra escrava na Alemanha.
Foram exatamente 515.470 soldados forçados a trabalhar dentro do Reich, dos quais, estima-se que, cerca de 45 mil morreram por diversas causas, incluindo fome, frio, maus tratos e completa ausência de assistência médica.
Nos últimos dias da guerra, em abril e maio de 1945, eles foram incluídos entre os milhares de prisioneiros de guerra executados pelos nazistas.
Nesses dias finais do conflito, os nazistas viviam o dilema de continuar usando os presos como a única mão de obra que ainda existia na Alemanha, ou eliminá-los antes da chegada dos aliados.
Na pequena cidade de Hildeshein, a decisão das SS e da Gestapo foi pela execução de centenas de prisioneiros italianos, que haviam se apoderado de alguns alimentos de um depósito que havia sido bombardeado pelos aliados.
A execução dos italianos foi por enforcamento na praça central da cidade e após a guerra, os aliados encontram a prova desse massacre: uma cova coletiva onde foram enterrados 230 corpos de soldados italianos.
Marino Boeira é jornalista,formado em História pela UFRGS