Momento econômico brasileiro - Junho de 2016
Frente a um cenário de instabilidade política o Brasil passa por um teste complexo de ajuste de suas contas públicas. Por um lado à necessidade de corte de gastos públicos, de outro lado os direitos adquiridos de vários setores que necessitam lastrear seus eventos.
Economista Welinton dos Santos
Independente da presidência interina, quem está no comando precisa lançar rapidamente programas de incentivo para frear a onda de desemprego e estimular o consumo.
Alguns indicadores chamam a atenção: entre eles o grande volume de fusões e aquisições de empresas brasileiras, consideradas como ativos de qualidade e com custo baixo, tem atraído muitos investidores internacionais que aproveitam o momento de instabilidade econômica para estabelecer negócios no país.
O dinheiro em circulação: os meios de pagamento M4 conceito que compreende o M3 mais os títulos públicos de detentores não financeiros aumentou em 1,5% no mês de abril de 2016 e 12,1% acumulado nos últimos doze meses, totalizando R$ 5,8 trilhões. O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) totalizou R$303,3 bilhões em abril, com redução mensal de 0,4%, decorrente das retrações de 0,6% no papel-moeda em poder do público e de 0,1% nos depósitos à vista.
O índice de inadimplência em operações de crédito subiu para 3,7% em abril para operações acima de 90 dias.
A taxa média de juros cobrada das famílias ficou em torno de 41,3% ao ano em abril, já para as pessoas jurídicas (empresas) ficou em 22% ao ano. O spread bancário com referência às operações livres ficou em torno de 22,3% em abril.
A diminuição da atividade econômica promoveu um recuo de 1% no crédito a pessoas jurídicas (empresas), totalizando empréstimos na ordem de R$ 1.623 bilhões em abril de 2016 e para pessoas físicas R$ 1.520 bilhões, totalizando um saldo total de operações de crédito da ordem de R$ 3.143 bilhões. (Fonte: Banco Central do Brasil)
A dívida líquida do setor público alcançou a casa dos R$ 2.356,6 bilhões, ou seja, 39,4% do PIB em abril, aumento de 0,5% em relação ao mês anterior. A dívida bruta do Governo Geral (Governo Federal, Governos Estaduais, Municípios e o INSS), somam R$ 4.039,3 bilhões em abril (67,5% do PIB).
Apesar de o Brasil fechar com superávit primário em R$ 10,2 bilhões em abril, no acumulado dos últimos doze meses o déficit é da ordem de R$ 139,3 bilhões (2,33% do PIB) em abril.
A dívida externa bruta estimada em abril era de US$ 337,8 bilhões, uma pequena diminuição de US$ 400 milhões em relação ao mês de março de 2016.
Os investimentos diretos do exterior no Brasil somaram nos últimos doze meses US$ 79,9 bilhões, que equivale a 4,61% do PIB (fonte: Banco Central do Brasil).
A venda de veículos sobe 2,3% em maio em comparação a abril, porém a queda do ano ultrapassa os 24%.
O Brasil destaca-se na área de energia renovável frente a outras economias.
O saldo de aplicações líquidas de estrangeiros na BM&FBovespa é de R$ 11,8 bilhões até o momento em 2016.
Pedro Parente indicado para a presidência da Petrobrás é considerado um peso pesado da economia, que tem como missão reposicionar a empresa, sanar os rombos financeiros provocados por escândalos de corrupção na empresa e reestruturar financeiramente a organização rumo à competitividade em um cenário de baixa do petróleo, uma tarefa complexa, difícil, mas possível de ser realizada.
A securitização de R$ 90 bilhões em créditos fiscais compromissados pelos devedores empresas privadas poderia ser uma alternativa para evitar a criação de mais impostos como a CPMF.
O momento é de conter a ansiedade, ou haverá muitas oscilações e especulações nos ativos financeiros negociados no país, mas uma coisa é certa o Brasil é um país com uma economia muito dinâmica e com enorme potencial de crescimento.
Apesar das mazelas de muitos corruptos na política, o Brasil é ainda um país que irá crescer no cenário mundial tão logo organize a casa.
O cenário é de expectativas, mas o que chama a atenção nos últimos dias é o interesse de grandes organizações internacionais em aumentar seu portfólio de negócios no Brasil.