Unasul Condena Tentativa de Golpe no Brasil

"A direita tem sede de vingança, porque em dez anos que já não pode, como antes, levantar o telefone para ordenar a um presidente que faça isso ou aquilo. Não apenas vem derrubar algo conquistado, como também tratar de perseguir, massacrar aqueles que ousaram desafiar seu poder" (Rafael Correa, presidente do Equador). A mesma direita tupiniquim, raivosa e ignorante como poucas no planeta, que condena a "ditadura" da "Revolução Boliviana" na Venezuela, clama odiosamente por retorno à... ditadura no Brasil. Mais uma vez, parece piada o patético espetáculo tão orgulhosamente dado pelas elites brazucas ao

O presidente uruguaio Tabaré Vázquez, também presidente da Unasul (organismo tão importante quanto ignorado pela dessituada sociedade brasileira, especialmente as classes dominantes locais que se creem o centro exclusivo do Universo), afirmou que é necessário apoiar a presidente do Brasil, Dilma Rousseff a qual, segundo ele, é massacrada pelas denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva. 

 

Em comunicado circulado entre os 12 países que compõem o bloco, Vázquez afirmou: "A sucessão de acontecimentos no Brasil expõem um claro enfrentamento da 

Justiça contra o Poder Executivo, representado pela presidenta Rousseff (...). Preocupados com esta situação, oferecemos nosso total respaldo à presidenta, quem foi eleita democraticamente pela maioria dos brasileiros para exercer seu cargo até 1° de janeiro de 2019".

Outros chefes de Estado regionais têm demonstrado o mesmo apoio ao governo brasileiro eleito nas urnas - líderes sul-americanos tão progressistas e anti-imperialistas quanto demonizados pelos grandes meios de comunicação brasileiros reverberados pela sociedade local, ao serem considerados ditadores.

O presidente do Equador, Rafael Correa, observa a conjuntura brasileira dentro do contexto exposto por este autor em 

Israel Provoca Brasil com Vistas á Desintegração Regional e à III Guerra Mundial

(http://port.pravda.ru/mundo/09-01-2016/40141-israel_provoca-0/). 

Para o líder da "Revolução Boliviana" no Equador (como as classes média e alta no Brasil, em geral, evidenciam sua ignorância referindo-se equivocadamente à Revolução Bolivariana, a qual muitos consideram uma tentativa do Partido dos Trabalhadores de importar "o modelo político boliviano"), está em curso a tentativa de impor nova "Operação Condor" (outro fato da mais relevante importância histórica, ignorada pelos bibelôs tupiniquins que saem em massa às ruas hoje) na América Latina.

"A direita tem sede de vingança, porque em dez anos que já não pode, como antes, levantar o telefone para ordenar a um presidente que faça isso ou aquilo. Não apenas vem derrubar algo conquistado, como também tratar de perseguir, massacrar aqueles que ousaram desafiar seu poder", afirmou o dignatário equatoriano, promotor da Revolução

Cidadã que tem mudado a história de seu país.

A Operação Condor mencionada pelo presidente Correa foi a "política internacional" (velho eufemismo usado pelos porões o poder para se referir aos crimes em todo o mundo) de apoio por parte do regime norte-americano às ditaduras latino-americanas, através da derrubada de líderes democraticamente eleitos e do controle social, que incluía perseguição, tortura e morte. Tal "sistema político" pelo qual hoje clamam os bibelôs brazucas (baseados em sua "vasta experiência" de vida, tão desinteressante quanto os absurdos que palram: dos botecos em frente às universidades aos shopping centers, destes às grandes metrópoles mundiais e a seus centros de compra etc), deixou como saldo mais de 50 mil mortos na América Latina.

Na Bolívia, o presidente indígena Evo Morales também foi contundente ao se manifestar publicamente sobre a nova (velha e envelhecida) revolução burguesa no Brasil, reprodução de 1964. Afirmou que a direita brasileira trabalha em conjunto com a direita norte-americana, para impedir que um operário ocupe a Presidência de novo. 

"Para castigar o Partido de los Trabalhadores (PT), para derrubá-lo, sentenciá-lo, (...) a direita sul-americana e norte-americana querem que dirigentes sindicais y operários, como Lula, nunca mais sejam presidentes de um país".

Já o presidente venezuelano Nicolás Maduro, sucessor do "grande ditador" (para todos os segmentos brasileiros) Hugo Chávez, afirmou que se deve prestar solidariedade ao governo brasileiro, tanto à presidente Dilma quanto ao ex-presidente Luiz Inácio. "Está decidida uma operação para, de maneira arriscada, ameaçadora e perigosa, desaparecer e acabar com a liderança legítima, democrática, profundamente popular destes dois dirigentes históricos da nova época latino-americana".

Muitos não se deram conta de que enquanto no Brasil se acusa histericamente e sem nenhuma chance à contra-argumentação a Venezuela, Equador e Bolívia, que vivem Revolução Bolivariana, de se configurarem Estados ditatoriais, em terras tupiniquins, sem perceber se defende descaradamente exatamente um retorno a épocas mais crueis de nossa história, cujo retorno à (fragilíssima) democracia custou o sangue de nossos pais e avós.

Quanto à tentativa de golpe militar respaldada pelo regime de Washington na região, o que vale mais declarações raivosas dos setores conservadores que possuem ojeriza à "Revolução Boliviana" dos países vizinhos, vale observar o papel secreto dos Estados Unidos no recente referendo constitucional boliviano (este sim, boliviano) evidenciado no Institute for American Studies, uma das tantas ONGs de fachada da CIA, que fez afirmações bastante reveladoras (nada novo, porém uma vez mais vindo de encontro aodefendido nestas páginas e por todos os líderes progressistas latino-americanos) em seu documento datado de 5 de outubro de 2015, intitulado Plano Estratégico para a Bolívia.

Neste documento, a "ONG" norte-americana deixa clara sua influência sobre líderes opositores locais, que devem conter "discurso confrontador" e cheio de denúncias, que gerem emoções através de mensagens curtas (isto é, sem conteúdo e nem base legal) atingindo assim a maior quantidade de pessoas, de todas as idades "provocando descontentamento social utilizando-se da Internet, portais ou blogs, as redes sociais tais como Fez-Se Buque, Tuíter, Instagram, Uótizape, e SMS (...). Manter e incrementar denúncias de corrupção e responsabilizar diretamente o 'regime' [grifo nosso] por supostas ineficiências e negligências em combatê-la".

O documento diz ainda que se deve "normatizar as relações EUA-Bolívia", o que "subtrairia força do 'regime' {grifo nosso] em relação á ingerência dos Estados Unidos, e justificaria o contato direto de nossas forças afins com o exterior". Tais forças afins a que se refere o documento secreto, são as classes dominantes bolivianas. "Motivar greves de fome de vários dias, mobilizações massivas, problemas em universidades, movimentos indígenas cooptados", além de "coordenar com os donos, diretores e chefes de linhas editoriais de meios de comunicação  tanto escritos quanto falados e televisados afins à estratégia, para incrementar a difusão de notas e a propaganda [grifo nosso] desacreditando as políticas do atual regime, minimizando ou inviabilizando as atuais conquistas [sociais]. (...) Estender a imagem de uma grave crise institucional e política, e uma próxima crise econômica ´(...)".

O plano, que traz profundas semelhanças com o que ocorre no Brasil, e ocorreu há exatos 52 anos quando da queda inconstitucional do presidente João Goulart, não para por aí.

Contudo, o Brasil está indialogável, ambiente insuportável que aponta cenário propício ao que as classes mais abastadas sempre almejaram: retorno á ditadura militar, que tanto atrasou (sob todos os aspectos) e arrasou este país. Cenário típico de regimes totalitários e fascistas, fortemente presentes no conteúdo de grande parte da sociedade brasileira hoje, sem nenhum senso cidadão e completamente dessituada historicamente. Sem nenhuma lição tirada 52 anos depois, enquanto ex-ditadores são julgados e condenados nos países vizinhos, tão menosprezados pelos arrogantes compatriotas brasileiros em geral.

Se a voz do povo não é e nem nunca foi a voz de Deus, uma coisa é mais que certa: o povo brasileiro, enfim, vai ter o retorno ao sombrio passado que tanto merece. E isso vale, certamente, a todos os segmentos da sociedade e a todos os espectros, políticos e "ideológicos" (ideologia que praticamente não existe no país, mas sim interesses político-partidários e de toda ordem).

E como pouca desgraça é sempre uma grande bobagem na realidade tupiniquim, hoje o PT e os tão mesquinhos quanto desesperados "esquerdistas moderados" dependem, fundamentalmente para sua sobrevivência, da capacidade dos outrora acusados de "esquerda radical" em seu engajamento nas manifestações de rua e na árdua tentativa de conscientizar essa sociedade, amplamente alienada e facilmente manobrável, dos princípios constitucionais do país.

 

Edu Montesanti

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey