A Arábia Saudita pede para que a Rússia cesse os bombardeios contra os terroristas na Síria, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos, acusam a Rússia de bombardear 'outros' terroristas treinados e armados por eles para derrubar o Presidente sírio Bashar Al Assad.
Por outro lado, o mundo pede para que a Arábia Saudita cesse a invasão ao Iêmen e com os ataques aéreos que têm vitimado a população civil em grande proporção.
Valter Xéu*
Os Estados Unidos, com seus drones no Oriente Médio, lançam, diariamente, bombas contra escolas, hospitais, mercados e ate mesmo festas de casamentos na Síria, sempre alegando se tratar de ataques a bases terroristas. Os mesmos terroristas que eles armaram e treinaram, desde o início da crise, para espalhar o terror na Síria, no Iraque e em toda a região do Oriente Médio.
Israel, que pinta e borda na região do Oriente Médio, onde é raro o dia em que não pratique um atentado contra o povo palestino, também está a reclamar da Rússia e com razão, pois os sionistas prestam todo tipo de apoio aos psicopatas e insanos membros do Exercito Islâmico.
No seu discurso na 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu, vociferou contra o acordo nuclear do Irã com as potencias ocidentais. Disse o assassino primeiro ministro (assassina diariamente centenas de palestinos, não importando até se forem mulheres e crianças e as cadeias de Israel estão superlotadas de jovens palestinos sem nenhuma acusação formal) que tal acordo não trará paz.
O que temos certeza, é que enquanto o mundo não assumir uma posição forte contra Israel, a paz na região dificilmente acontecerá, pois o plano expansionista dos sionistas é ocupar os territórios dos países vizinhos, através do incentivo da criação de novos assentamentos judaicos, escudadas pelo seu vasto arsenal nuclear, para o qual o mundo faz vista grossa, enquanto pune o Irã, com sanções econômicas, por desenvolver energia nuclear para fins pacíficos.
Para o tresloucado mandatário israelense, o Irã além de desenvolver armas atômicas, apoia grupos terroristas nos países da região, coisa que o Mossad e a CIA, fazem com maestria, em conjunto com o Estado Islâmico, e que a mídia, por estratégia, por conveniência ou por falta de visão sobre quem é quem no Oriente Médio, esconde tal fato.
O curioso é que a mídia-empresa ocidental nada publica sobre o arsenal nuclear israelense que é o quinto maior arsenal nuclear do planeta. E a AIEA - Agencia Internacional de Energia Atômica, órgão ligado a ONU, não tem permissão para inspecionar as instalações nucleares israelenses. Aliás, quando se trata de armas de destruição em massa, podemos dizer que Israel é detentora de todos os tipos, tanto as já mencionadas nucleares, quanto as químicas e biológicas. Israel é a ameaça real à região do Oriente Médio.
O mundo sabe disso, a mídia também, muito embora, descaradamente, omita. Quanto ao Irã, manchetes e mais manchetes são publicadas diariamente. O país não possui armas nucleares, porém desenvolve um programa nuclear para fins pacíficos, assinou um acordo com os americanos e Obama saiu falando que 'o mundo respirava aliviado'.
Enquanto isso, não se tece nenhum comentário sobre o fato de Israel ser detentora de mais de duzentos artefatos nucleares.
O "tirano" Assad
No Brasil e no mundo é comum a mídia se referir a Assad com tirano, ditador e adjetivos similares, enquanto um dos regimes mais sanguinários do planeta, comandado há mais de um século pela família real saudita, não recebe nenhuma crítica. Os governantes da Arábia Saudita não têm nenhuma noção de democracia, não respeitam os direitos humanos essenciais e ainda tratam as mulheres dentro de um regime tribal de cerceamento de direitos elementares, tais como ir e vir, trabalhar, votar e até mesmo dirigir automóveis.
Obama chamou Assad de tirano mas se alia aos ditadores da região, por serem 'amigos dos Estados Unidos'. O fato de ser 'amigo dos Estados Unidos' confere à estes países algum 'selo de democracia'?
Como bem disse Michael Hudson, em artigo assinado dia 29 passado, no Counterpunch, "Democracia" existe onde a CIA derrube Mossadegh, no Irã, para lá instalar o Xá. "Democracia" há onde os EUA patrocinem os Talibãs contra a Rússia, para derrubar o governo secular do Afeganistão. "Democracia" há na Ucrânia do golpe para pôr no poder "Yats" e Poroshenko. "Democracia" é os EUA instalando Pinochet no governo do Chile. Democráticos, só "os nossos felás-da-puta", como disse Lyndon Johnson referindo-se aos ditadores que a política externa dos EUA instalou no poder na América Latina.
*Valter Xéu é jornalista e editor de Pátria Latina e Irã News