Vamos olhar para a Holanda

A Holanda é um pequeno País com quase 41 mil km² de área (menor que o estado do Espírito Santo) e 451 km de costa no Mar do Norte, habitado, em números inteiros, por 17 milhões de pessoas (equivalente a soma das populações das cidades do Rio e São Paulo). 

Esse País é, simplesmente, 400 vezes menor que a Rússia, 240 vezes menor que a China, 234 que os EUA e 200 vezes menor que o Brasil.

Marcus Eduardo de Oliveira

Para facilitar o comércio da Holanda com o resto do mundo, o porto de Roterdã, com dimensão de 40 km, é o maior da Europa e o quarto maior do mundo.

Cerca de 26% das terras holandesas estão abaixo do nível do mar. Um sistema de diques, terras drenadas e represas equilibram o fluxo das águas.

No entanto, a Holanda é o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas dos EUA e da França. O agronegócio - com produtividade cinco vezes superior à média da Europa - rende à Holanda importância superior a 80 bilhões de euros por ano.

Em 2011, as exportações agrícolas holandesas foram avaliadas em aproximadamente R$ 192 bilhões (9% a mais em relação a 2010). Internamente, a indústria agrícola representa quase 10% da economia holandesa, estando entre os três setores que mais contribuem para o PIB.

O agronegócio é responsável pela criação de 660 mil empregos, diretos e indiretos, pouco menos de 4% da população. 

A Holanda produz e vende produtos de alto valor agregado. Para quem não está familiarizado com termos econômicos, valor agregado é o valor do produto, também chamado pelos economistas de output menos os inputs, ou seja, os insumos intermediários usados na produção de uma dada mercadoria.

Seus principais produtos agrícolas exportados são: cereais, legumes, batatas, beterraba, frutas, milho de corte, alface, pepino, cebola e tomate (cultivados em estufa), simplesmente, ¼ dos tomates exportados no mundo são holandeses.

Além disso, os holandeses exportam ainda laticínios, queijos, flores (conhecida como a "florista da Europa Ocidental"), toucinho e trigo (produção de oito toneladas por hectare).

Atualmente, existem quase 10 mil hortas espalhadas em Amsterdam, reunidas em parques distribuídos por vários pontos da cidade. Da superfície total da cidade (21.907 ha), os espaços para as hortas ocupam 300 ha, considerado de padrão excelente em uma cidade cuja densidade populacional alcança mais de 20.000 habitantes por km².

Não há outra explicação para o bom desempenho dos holandeses na exportação agrícola do que o desenvolvimento em tecnologias que impulsionam sobremaneira a produtividade do País.

Um bom exemplo disso são as construções de polders. Polder é um pequeno pedaço de terreno baixo e plano construído de forma artificial, localizado entre diques, utilizado para agricultura ou habitação.

Através de um polder, a drenagem das águas pluviais é realizada por meio de canais com comportas e bombas, impedindo assim a subida excessiva da água no interior da área ensecada pelos diques.

Outra técnica de excelente padrão usada na agricultura holandesa são tubos-sensores de 60 centímetros desenvolvidos exclusivamente para medir a umidade do solo em diferentes profundidades.

Com isso, são coletados e enviados dados a uma central de monitoramento do clima que assim regula a quantidade de água que deve ser usada nos diferentes cultivos, além de informações acerca da previsão do tempo para o local, evitando uso excessivo e/ou desperdício de água, caso haja possibilidades de fortes chuvas.

Definitivamente, o que fez (e faz) a diferença no sistema de agricultura da Holanda é sua excelente investigação nesse setor econômico, fruto da constante inovação, responsável pela espetacular subida da produtividade. Que nossos produtores rurais possam olhar com mais atenção à Holanda. Há muito o que aprender com eles.

Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de

economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo.

 prof.marcuseduardo@bol.com.br    

 


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Timothy Bancroft-Hinchey