O Brasil e o mundo

SÃO PAULO - Os números da balança comercial no primeiro semestre mostram que o desempenho positivo que se registrou foi impulsionado mais pela queda nas importações do que por um aumento nas exportações. Na verdade, as exportações, ainda que embaladas por um câmbio favorável, com a desvalorização do real diante do dólar, continuam em queda.

Milton Lourenço (*)

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), nos primeiros seis meses de 2015, o Brasil apresentou saldo comercial positivo, alcançando a marca de US$ 2,2 bilhões, o melhor resultado em três anos para o período. Esse superávit, porém, é resultado dos efeitos do câmbio e também da diminuição da demanda interna. Portanto, não há o que se comemorar, até porque o câmbio favorável por si só não é capaz de impulsionar as vendas do País.

Em outras palavras: além de câmbio favorável, é preciso que o anunciado Plano Nacional de Exportações inclua incentivos fiscais, o corte de um número excessivo de impostos e o aperfeiçoamento do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), medidas que podem fomentar as vendas externas. Ao mesmo tempo, é preciso aumentar os investimentos públicos e privados em infraestrutura portuária, viária e ferroviária a fim de facilitar o escoamento da produção.

Capacidade de escoamento

Basta ver que uma simples melhora na capacidade de escoamento nos últimos tempos estimulou o crescimento da exportação de soja e carne de frango in natura em junho. E essa tendência poderia ter sido mais acentuada se a BR-163 no território paraense já estivesse completamente asfaltada e duplicada, facilitando o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste em direção ao Norte.

Tudo isso deve ser acompanhado por uma política externa mais agressiva, com o estabelecimento de maior número de parcerias comerciais. Por isso, a abertura de entendimentos com os Estados Unidos é extremamente bem-vinda bem como é alvissareira a perspectiva de acordo de livre-comércio com a Suíça, país com o qual o Brasil registrou um déficit de US$ 461 milhões em 2014. Ainda que a viabilização desse tipo de acordo venha a suscitar muitas discussões, até porque em princípio deve incluir o Mercosul, é fundamental que os dois países estabeleçam de antemão mecanismos de facilitação de comércio.

Para o Brasil, é necessário estabelecer esses mecanismos a fim de que não fique de fora das mudanças que ocorrem no planeta, Se os Estados Unidos conseguirem fechar acordos com a União Europeia e as 12 nações asiáticas com as quais vêm negociando, 73% do comércio internacional seguirão as regras ditadas por esses tratados. Portanto, é fundamental que o Brasil esteja bem articulado com Estados Unidos, União Europeia, Suíça e o bloco asiático.

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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:www.fiorde.com.br.

 


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Timothy Bancroft-Hinchey