Eurogrupo quer Varoufakis fora do ministério

Caso alguém ainda não tenha percebido que o Eurogrupo espera que a Grécia aja como boa vassala da própria dívida, mais chiliques choveram sobre Yanis Varoufakis na reunião da 6ª-feira passada, que gerou rajada de artigos nada elogiosos, e culminam agora com o Eurogrupo exigindo que o governo grego demita seu ministro.


Não que haja, aí, qualquer novidade; houve agitação semelhante em fevereiro, quando a hostilidade entre Varoufakis e o ministro das finanças alemão, Wolfgang Schauble chegou a tais níveis, que Schauble recusou-se a permanecer na mesma sala com seu contraparte grego. A solução durante as negociações foi isolar Varoufakis, enquanto Christine Lagarde, o presidente do Eurogrupo Jeoren Djisselbloem e outros eurocratas top faziam diplomacia de porão, para reformatar a linguagem a ser apresentada diretamente ao primeiro-ministro grego Alex Tsipras, excluindo Varoufakis completamente (matérias jornalísticas apresentaram o memorando como fato consumado, com uma delas afirmando que Tsipras ouvira que era pegar ou largar; e outro, que Tsipras não teria tido autorização para alterar sequer uma palavra).

E Varoufakis? Sai ou não sai? A resposta, aqui, seja qual for, deve ser tomada com um punhado de sal, porque os eurocratas parecem crer que Tsipras seria mais dobrável às suas opiniões que Varoufakis. Na verdade, segundo todos os informes, Tsipras permanece no absoluto controle de tudo (apesar das falas descoordenadas de vários ministros; falar e decidir são coisas bem diferentes). Assim sendo, não há qualquer fundamento para que o Eurogrupo escolha uma ou outra cara, porque nem um nem outro dos gregos mudará qualquer coisa do que realmente interessa à Grécia. Seja como for, eis a versão do Financial Times:


"Indício de que a abordagem combativa do Sr. Varoufakis está gerando preocupações também na Grécia, alto funcionário do governo em Atenas disse que a reunião em Riga provavelmente porá de lado o ministro, enquanto Tsipras e seu vice Yannis Dragasakis iniciam participação mais direta. (...) 

Funcionários da Eurozona e do governo grego acreditam que as diferenças entre Varoufakis e Tsipras estão-se aprofundando e que apelo organizado ao primeiro-ministro pode ainda produzir algum acordo até o final de maio, quando talvez se chegue à conclusão de que é preciso chegar a algum acordo, se qualquer desembolso foi feito antes de que expirem o atual plano de resgate, no final de junho.

Embora haja amplas diferenças entre Atenas e os credores na Eurozona em assuntos de fundo, o atual impasse com Varoufakis tem a ver, principalmente, com questões processuais - disseram aqueles funcionários.

Porque o novo governo prometeu que não recomeçariam as inspeções intrusivas pelos monitores do resgate, antes conhecidos como "a troika", Varoufakis recusou-se a negociar com negociadores de nível médio em Atenas, e insistiu num acordo político a ser firmado em níveis superiores. Os líderes da Eurozona apertaram a estratégia, insistindo num novo plano de reforma econômica com monitores em Atenas, antes de qualquer discussão sobre dinheiro novo dentro do eurogrupo."


Financial Times, depois de criar a impressão de que Varoufakis estaria nas cordas, cita uma fonte grega não identificada, que diz que Varoufakis não será removido (pressupondo que seja removido) antes de que haja acordo sobre o chamado 'resgate'.

Varoufakis permanece impassível:



FDR, 1936: "Eles são unânimes no ódio contra mim; bem-vindo ódio" - Citação muito próxima do meu coração (& dos fatos) nesses dias" 6:49 AM - 26 Apr 2015


E artigo em Bloomberg, sobre as explosões nas reuniões do Eurogrupo, sugere que Varoufakis continua popular em casa:


Varoufakis tem o apoio da maioria dos gregos, segundo pesquisa de Alco publicada no jornal Proto Thema. Cerca de 55% dos respondentes disseram que têm impressão positiva do ministro, contra 36% que disseram ter impressão negativa.


Estaremos realmente diante de algum problema "de processo"? Um dos ditos de Lambert é que quando pessoas em organizações dizem que estão com "um problema de comunicação", o problema sempre é, de fato, problema de administração & gerência. 

Há boas razões para desconfiar que o chamado problema "de processo" é sintoma de descaminho em questões de fundamento. Como vimos desde o início, não há superposição entre as posições de barganha dos dois lados. Se, como já dissemos, o governo grego está em crise de negação sobre a disposição dos credores para conceder sobre reformas estruturais, o reverso disso é que os credores, ou pelo menos o Eurogrupo, parece estar operando a partir de sua própria paranoia de negação obsessiva: se eles conseguirem pôr à mesa as personalidades individuais 'certas' e os corretos procedimentos de negociação... então haverá possibilidade de acordo.

O problema, como já dissemos, é que o governo grego está encaixotado pelos membros de sua coalizão. Ainda que os moderados do partido SYRIZA quisessem fazer concessões (e Tsipras e Varoufakis são, ambos, moderados), eles estão obrigados a apoiar os membros da esquerda mais rígida do mesmo partido SYRIZA, 1/3 do bloco. E esses não cederão. Antes de ceder, derrubam o governo de Tsipras.

Que ossos estão sendo disputados? Já dissemos que o novo governo repetidas vezes tentou contornar os impedimentos do processo apresentado no memorando do Eurogrupo, e que mandava o governo apresentar lista detalhada de reformas estruturais que, então, seriam examinadas pela Troika, e finalmente pelo Eurogrupo, e, se aprovadas, os fundos de resgate seriam liberados. O lado grego, em vez disso, tentou ir diretamente ao Eurogrupo e obter aprovação para projetos de memorandos; foram à Comissão Europeia e, agora já por duas vezes, à chanceler Merkel. Isso alimentou a queixa dos eurocratas, de que os gregos perderam tempo. 

As várias listas de reformas que o governo grego apresentou até agora foram descartadas, como insuficientemente detalhadas. A julgar apenas pelo que disse a mídia-empresa sobre a extensão dos documentos, essa parte parece ser verdade.

Mas isso significará que a solução será deixar que os monitores do resgate continuem a se intrometer cada vez mais? Se os detratores de Varoufakis talvez acertem ao dizer que ele quer negociar coisas demais no nível dos atores políticos chaves, fato é que os dois lados não chegaram a nenhum tipo de acordo nesse mais alto nível. Assim sendo, que sentido faz trabalhar sobre detalhes?

A disputa é sobre reformas estruturais. Ainda que os gregos tenham visto o memorando de fevereiro como tão vago a ponto de deixar muito espaço para negociações, como nos parecia que fosse o caso, e os eventos confirmaram, e isso posto, o velho, odiado pacote de reformas estruturais estava, pelo menos, sobre a mesa. Na visão dos credores, a Grécia tem de discuti-lo, seja como for. O novo governo pode trocar umas reformas por outras, se conseguir convencer os credores de que as novas reformas não terão impacto negativo no orçamento.

Assim sendo, se se acolhe o ponto de vista da Troika/Eurogrupo, nada há, ou só há pouca coisa, a negociar. A Grécia tem de tratar de mostrar como pode fazer melhor serviço de cobrar impostos e reformar seus mercados de trabalho [arrochar os trabalhadores]. É coisa que só se faz no plano técnico, e Varoufakis não se encaixa.

Como Stathis Kouvelakis, membro da coalizão do Partido Syriza, explica na revista Jacobin ["Grécia: o nó aperta"], o que se dizia era que o governo, ou pelo menos sua ala esquerda mais crítica, não moveria um pé da posição sobre reformas estruturais: cortar ("reformar") aposentadorias, "reformar" mercados de trabalho, aumentar o IVA [imposto sobre valor agregado], e as privatizações. Pois fato é que o governo grego já cedeu nas duas primeiras, já está fazendo avançar a privatização do porto de Pireus e disse que fevereiro que aumentará o IVA.

Como já comentamos, a reforma das aposentadorias é a ponte que nenhum dos lados consegue atravessar. A Grécia tem as aposentadorias mais altas da Eurozona, como porcentagem do PIB. Porém, se se ajusta o cálculo pela idade da população, as pensões que a Grécia paga estão abaixo da média da Eurozona. Mas os ministros do Eurogrupo (e, mais importante, os cidadãos que eles representam) creem no mito muito divulgado pela mídia-empresa de que a Grécia pagaria pensões generosíssimas. Portanto, nem querem nem jamais conseguiriam vender aos seus eleitores qualquer tipo de 'ajuda' ao governo grego, se o povo continuar a crer que seus ministros estariam defendendo para os aposentados gregos pensões mais altas do que o governo paga em casa.

O fato de Varoufakis ter buscado diretamente o impasse básico parece ser a causa mais provável de a reunião de 6ª-feira ter azedado tanto. De Bloomberg:

Varoufakis descreveu as conversas como "intensas" e disse que seu país está pronto a fazer "grandes concessões" para chegar a um acordo.

"O custo de não haver solução pode ser imenso, não só para nós mas para todos", disse ele (...).

Em resposta aos ministros reunidos, defendeu proteção às pensões públicas, ponto que continua a emperrar as negociações. Ameaçou deixar a sala, se os creditores forçassem demais a discussão.

Quando Dijsselbloem convidou o grupo a responder, houve silêncio total. Pediu novamente, e Kazimir falou.

A recusa de Varoufakis a aceitar as condições dos credores, irritou especialmente o ministro eslovaco, porque seu governo cortou o déficit no orçamento e atacou a evasão fiscal. A posição do grego pode ter caído em ouvidos surdos também entre os demais convidados em Riga.

A economia da Latvia encolheu mais de 1/5 em 2008 e 2009 quando o país foi governado por Valdis Dombrovskis, agora vice-presidente da Comissão Europeia e participante da reunião da 6ª-feira. Dombrovskis implantou algumas das medidas mais duras de arrocho [orig. austerity] que o mundo conheceu - com cortes equivalentes a 16% do PIB. A economia grega encolheu cerca de ¼ desde 2008.

Entendamos, pois, o que significa isso:

1. A Grécia, como outros devedores, 'deve' "aceitar as condições dos credores"; e

2. Por mais que outros membros do Eurogrupo estejam furiosos por a Grécia não aceitar o programa, muito mais furiosos estão os países que forçaram seus cidadãos a enfiar-se sob o chapéu da 'austeridade'. 

Por que os ministros do Eurogrupo levam as coisas tão 'pessoalmente'? Se a Grécia não pagar nas próximas semanas o que deve ao FMI, como parece provável que aconteça (p. ex., o Financial Times noticia que funcionários da Eurozona estão desafiando a lei nacional no encaminhamento de depósitos orientados para que o governo possa fazer caixa para pagar salários, aposentadorias e dívidas vincendas), deve-se esperar que possuidores de papéis da dívida grega tendam a se desafazer deles. Adiante, uma tabela da situação recente, que não inclui a maior exposição do BCE em 2015, sob a Emergency Liquidity Assistance (ELA):

Essa é a razão pela qual Varoufakis agiu como se os credores fossem piscar primeiro: os funcionários europeus teriam de dizer aos respectivos eleitores que todos perderam dinheiro porque apostaram na dívida grega, o que seria questão política supercarregada e 'intocável'. Mas continuar a financiar as aposentadorias gregas com empréstimos, como feito até aqui, também é questão política supercarregada e 'intocável'. Ainda que deixar a Grécia quebrar gere custos muito maiores em todos os fronts, a opinião pública pode vir a culpar a Grécia pela própria quebra, mas não haverá Grécia alguma a culpar, se os credores cederem a favor das aposentadorias gregas.

Algum tipo de cabeças mais frias podem ainda prevalecer. Mas a verdade é que o Banco Central Europeu é ainda mais 'sangue-no-olho' que qualquer outra das partes em litígio. Do artigo da revistaJacobin ["Grécia: o nó aperta"]:

"Mas amostra mais representativa da visão das duas principais instituições europeias que, juntas, são credoras de cerca de 2/3 da dívida grega, o Banco Central Europeu e o Mecanismo Europeu de Estabilidade [orig.European Stability Mechanism (ESM)], encontra-se nas entrevistas dadas dia 22/4, por Klaus Regling, diretor-gerente do ESM, e por Benoît Coeré, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu.

Os dois manifestam linha especialmente dura sobre a Grécia, rejeitando duas demandas chaves do governo grego na atual fase das negociações: nada de desembolso do €1,9 bilhão a que a Grécia faz jus depois de "completada a revisão", que significa que se alinham a favor do tipo das "reformas" contra as quais está o lado grego (essa soma corresponde aos juros gerados pelos papéis gregos e devem ser devolvidos à Grécia, nos termos doSecurities Markets Programme (SMP) do Banco Central Europeu, desde fevereiro). E nada de "abordagem gradual" às reformas, como propôs o ministro grego das Finanças Yanis Varoufakis, para permitir que a Grécia alcançasse liquidez antes de junho e para facilitar um acordo.

Em vez disso, requereram "lista compreensiva de reformas", que deve incluir mais desregulação do mercado de trabalho e cortes nas pensões, duas "linhas vermelhas" que os gregos não cogitam ultrapassar.

Regling foi ainda mais longe que Coeuré: comentando sobre a possibilidade de a Grécia sair da Eurozona ("Grexit"), ele disse calmamente que "não é o cenário básico. Mas se tiver de acontecer e trabalhamos muito, muito duro para não chegarmos a isso, nesse caso acho que haverá muita incerteza, porque não temos nenhum tipo de experiência semelhante". Acrescentou que "claro que seria mais administrável que há cinco ou seis anos, porque temos novas instituições, o European Financial Stability Facility (EFSF), o ESM, outros países na área do euro fizeram tremendos progressos nos ajustes, como Irlanda, Portugal, Espanha."

Regling também se opôs declaradamente aos atuais planos do governo grego para reduzir alguns impostos e aumentar o salário mínimo e as aposentadorias e pensões; disse que isso seria "andar para trás" e está pondo em risco as negociações. Sobretudo, deixou bem claro que o desacordo é muito profundo, uma vez que o governo grego pensa que a abordagem do governo anterior seria errada, quando, segundo ele, "a estratégia está dando certo". "Essa diferença ainda não foi resolvida" - diz Regling.

E conclui ridicularizando a ideia de que os credores poderiam "recuar porque não querem um evento ou um acidente de crédito". Disse que "nossos procedimentos para conceder empréstimos são muito claros e muito bem estabelecidos. Estão associados à condicionalidade, estão claramente escritos no tratado do ESM. Precisamos de decisão unânime dos acionistas e da aprovação de seis parlamentos da União Europeia, e os parlamentos com certeza verificarão cuidadosamente se a condicionalidade - uma exigência chave - foi satisfeita."


Matéria da Reuters insiste que o Banco Central Europeu não será quem puxará o gatilho contra a Grécia, se a Grécia tornar-se inadimplente, mas é possível que estejam supondo que podem oferecer suficiente cobertura para cortar ou recusar-se a renovar ou aumentar a ELA, forçando uma Grexit.

Parece sadismo, e é sadismo, mas é preciso não esquecer uma coisa: esse jogo é da Troika e do Eurogrupo e, portanto, eles podem definir as regras. A Grécia pode estar sendo ingênua, supondo-se em posição de negociar de igual para igual. Do ponto de vista dos credores, a Grécia é mendiga suplicante, e tem de agir mais como tal, para ter qualquer esperança de ganhar algum dinheiro.

Não há motivo para supor que os credores seriam mais 'fáceis', se Varoufakis fosse substituído. As diferenças entre a Grécia e seus emprestadores é fundamental, e ter interlocutor mais cordato não mudará isso. Além do mais, uma cara nova será provavelmente pior. Embora o vice-ministro de Varoufakis pareça mais palatável no curto prazo, qualquer novo ministro das Finanças será necessariamente membro do Parlamento. Todas as substituições possíveis estão ainda mais à esquerda, sabem menos de economia e não falam tão bom inglês quanto Varoufakis. Se acham que Varoufakis não é suficientemente conciliador, menos ainda será qualquer cara nova.

Maio é mês especialmente ruim para entrar em inadimplência. O público grego opõe-se atualmente em grande maioria à saída da Grécia da zona do euro ("Grexit") e como já indicamos, é o Banco Central Europeu, não o governo grego, quem determina se a inadimplência significará saída da zona do euro.

Pesquisa de kapa para [jornal] to_vima: 72,9%  querem ficar na Eurozona, 20,3% querem a volta da moeda nacional. 

Observe-se que to-vima é hostil à atual coalizão governante; a pesquisa, portanto, foi provavelmente construída para dar resultados que interessam aos conservadores. Mesmo assim, como Kouvelakis explica:

"A complicação aqui é que tornar-se inadimplente em maio significa não pagar o FMI, o que implica complicações enormes para o comércio (o FMI pode impor sanções que tornarão quase impossível o acesso do comércio ao crédito privado). Melhor seria a Grécia não pagar o que deve ao EFSF do Banco Central Europeu, mas são dívidas que só vencem no verão e parece quase impossível que a Grécia se aguente até lá."

O governo grego parece estar em estado de negação, ou de paralisia. Os funcionários fazem declarações disparatadas sobre se a coalizão quer manter suas posições, mesmo que ao custo de ter de deixar a União Europeia, ou se o governo organizará um referendo para resolver o caso, se as conversações gorarem. Quanto ao referendo, o tempo das finanças anda mais depressa que o tempo da política. Na maioria dos países, o processo de organizar um referendo implica tempo (votação pelo Parlamento e um período de tempo, não raras vezes fixado pela Constituição, antes da votação). Com a inadimplência já consumada provavelmente no início de maio, e acordo tendo de ser fechado à velocidade desatinada, para evitar que aconteça, a Grécia praticamente com certeza já passou do ponto em que poderia organizar um referendo para informar decisões.

Diane Shugart informa em tuíto posterior, que a pesquisa de Kapa mostra apoio de 36,9% para o Syriza - virtualmente o mesmo que o partido alcançou nas eleições. Mas é redução significativa em relação aos altos índices que o governo alcançou depois das eleições.

Embora o custo da saída da Grécia, da zona do euro, possa ser extremamente alto em termos econômicos (já vi previsão de redução de 20% no PIB, pior do que qualquer previsão existente para o futuro com 'austeridade'), Kouvelakis argumenta que os cidadãos só estão sendo informados de um lado da história ["Grécia: o nó aperta"]:

"O elemento que serve mais claramente como combustível para essa atmosfera confusa é, porém, o fato de que continua a campanha 'midiática' de aterrorizamento da população contra o "Grexit", sem qualquer ação do governo Tsipras.


A oposição de direita e a grande mídia-empresa, cada dia mais hostil contra o governo e usando discurso cada dia mais agressivo, e todos os argumentos possíveis a favor da rendição incondicional, continua a mostrar a ruptura com a Eurozona como um apocalipse - o que fizeram sem parar, todos os dias, desde o início da crise.


Mas a resposta do governo tende a ser que essa ruptura será evitada, graças ao "compromisso honesto" com o qual os europeus acabarão por concordar. Absolutamente não é, para dizer o mínimo, discurso capaz de mobilizar a base popular do Syriza e preparar a sociedade para uma eventual ruptura com a Europa.

Ambos, a Grécia e seus credores caminham como sonâmbulos rumo a uma ruptura que os dois lados dizem querer evitar. Mas a falta de confiança mútua e a troca de farpas são dinâmicas clássicas do divórcio, e nesse caso não há conselheiro matrimonial. Tsipras acerta ao ver Merkel como sua melhor ou, melhor dizendo, como sua única, esperança, mas a rachadura pode já ser profunda demais, para que Merkel consiga remendá-la (assumindo-se que ela queira fazer isso). 

Avanços na trajetória rumo a não pagar [ing. default]

27/4/2015, Yves Smith, Naked Capitalism
http://www.nakedcapitalism.com/2015/04/eurogroup-demands-varoufakis-ouster-trajectory-toward-default-continues.html

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey