Mauro Lourenço Dias (*)
A obra de dragagem do canal do estuário do Porto de Santos está próxima do fim. Iniciada em 2009 e com previsão de conclusão em dois anos, a obra demorou além do previsto em razão da complexidade dos serviços, mas, ao que parece, até outubro de 2012 estará concluída.
Com a sua conclusão, o Porto de Santos passa a operar num estágio avançado, já que a profundidade de 15 metros do canal permitirá a entrada com mais facilidade dos navios que costumeiramente já atracavam como outros de maior calado. Como se sabe, em razão da pouca profundidade do canal em alguns trechos, muitos navios eram obrigados a sair com a utilização de apenas uma parte de sua capacidade de carga.
Além disso, com o aumento da largura e da profundidade do canal, o Porto poderá receber navios que operam com maior capacidade de carga. Isso significa frete a preços mais competitivos e uma produtividade maior nas operações portuárias, com reflexos significativos na economia do País.
É de lembrar que, para a sua execução, a obra de dragagem foi dividida em quatro etapas. A primeira incluiu o serviço de desassoreamento no trecho que vai da entrada do canal até o Entreposto de Pesca, na Ponta da Praia. A segunda, até a Torre Grande. Já a terceira abrangeu o trecho até o Armazém 6. Por fim, a quarta etapa foi até a Alemoa, somando 25 quilômetros. Em toda essa extensão, a profundidade foi elevada de 12 para 15 metros, enquanto o canal teve sua largura aumentada de 150 para 220 metros.
Agora, resta terminar os serviços no trecho 4 que incluem as maiores dificuldades, já que ali estão as pedras de Teffé e Itapema, além dos destroços do navio Ais Giorgis, que afundou há 31 anos e está a 22 metros de profundidade. Por enquanto, mais de 50% dos serviços já foram realizados, inclusive com a retirada da casa de máquinas do navio, que constituía a parte mais difícil do trabalho.
Mais importante agora é esperar a homologação pelo Centro de Hidrografia da Marinha da medição da profundidade do canal com a devida comprovação dos 15 metros de profundidade em toda a extensão dos 25 quilômetros. Só com essa comprovação - que virá com a nova carta náutica - é que os armadores poderão programar a vinda de navios de maior porte.
A partir daqui, com certeza, o Porto de Santos passará a viver uma nova fase, alcançando um estágio ainda superior ao atual que já o coloca como responsável por 32% do comércio exterior brasileiro.
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(*) Mauro Lourenço Dias é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br