"Um civil não pode ter seus direitos cerceados", diz presidente de ONG

Bene Barbosa, do Movimento Viva Brasil e Salesio Nuhs, da Associação Nacional de Indústrias de Armas e Munições, afirmam que o tráfico é o grande responsável pelas armas ilegais no país. De acordo com os especialistas, nossas fronteiras são mal fiscalizadas o que possibilita a entrada

O episódio de Realengo chocou o povo brasileiro. Não é à toa que na última quinta-feira (28.4), ocorreu a primeira audiência pública, da atual legislatura, promovida pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, em Brasília. Representantes da indústria de armas, do governo e de organizações não governamentais, a favor e contra o desarmamento, divergiram sobre como fazer o controle de armas no Brasil. Bene Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil, e Salesio Nuhs, representante da ANIAM (Associação Nacional das Indústrias de Armas e Munições), trouxeram à tona várias questões que estão encobertas em meio a essa discussão que assola o País. "O Estatuto do Desarmamento é um fracasso. Não diminuiu a criminalidade e muito menos conseguiu fazer o controle de armas", taxou Barbosa, alicerçado por diversas pesquisas, inclusive de instituições do próprio governo. Para ele a atitude do governo, em cercear a liberdade de escolha do cidadão é antidemocrática.

Na avaliação de Nuhs, o Brasil já possui uma das leis mais restritivas do mundo sobre armas e munições. Todas as armas fabricadas no país têm uma marcação do número de série em diversas partes, assim como as munições que possuem no culote uma identificação que permite rastrear, em tempo real e via sistema online, o comprador. Sem nenhuma imposição legal, a indústria já fabrica armas com chips embutidos quando solicitado pelas Polícias, fornecendo a estes scanners para leitura dos chips. Também por livre iniciativa, desde 1992 comercializa as munições em blister inviolável, facilitando assim a identificação/controle dos produtos não originais e contrabandeados. A indústria arcou com os custos para desenvolver sistemas que permitem ao Exército consultar, em tempo real, as munições comercializadas, os estoques existentes nas lojas, o consumidor final e a quantidade de munições por este adquirida.

"Existe hoje no Brasil um mercado clandestino de armas que precisa ser combatido pelo governo. Nossas fronteiras continuam servindo como portas de entrada para armas ilegais", comenta Nuhs.

No final da audiência, houve a entrega de um documento comprovando que as armas apreendidas na invasão do Complexo do Alemão eram quase 80% de fabricação estrangeira e 60% de calibre restrito, demonstrando assim, que a grande maioria das armas utilizadas pelos criminosos entra contrabandeada pelas nossas fronteiras.

Recente pesquisa, realizada pela RCI First Security and Intelligence Advising, empresa de Segurança Privada sediada em Nova York, especializada em análise e gestão de risco, responsável pela construção da maioria dos 120 bunkers que existem hoje no Brasil, constatou que 68%, dessas armas advêm do Paraguai e não são de fabricação brasileira. Com 6,3 milhões de habitantes, o país, importa uma quantidade de armas do tamanho de sua população. Ao contrário do que muitos pensam, desde 1999, a indústria nacional, por iniciativa própria e sem imposição legal, deixou de exportar para o mercado civil do Paraguai. "Por isso, é preciso combater o tráfico e  fazermos investimos na fiscalização de nossas fronteiras. Não é restringindo os direitos do cidadão comum que a questão será resolvida. Afinal alguém já viu algum bandido nas Campanhas de Desarmamento entregar alguma AR 15?", finaliza Bene Barbosa.

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Marca Comunicação Estratégia

Gislene Rosa

 

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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