A crise na Ucrânia - Comentário

Começou por ser a Revolução Laranja (Pomarancheva revoliutsiya) e agora está na Revolução do Povo. Começou por ser uma revolta contra a corrupção e fraude eleitoral em 2004, que levou a uma alteração constitucional.

por: Eugénio Costa Almeida*

Agora há uma revolta popular por... as mesmas razões; corrupção, fraude pós-eleitoral, subjugação política, defesa de princípios políticos antagónicos. Uns querem a habitual e ancestral manutenção da ligação à Rússia; outros desejam um afastamento de Moscovo e uma maior aproximação às teses europeístas do Ocidente.

Talvez que ambos tenham razão. De um lado a História - que não deve ser esquecida - e os compromissos históricos dela decorrente; recordemos como a região ucraniana da Crimeia tem sido importante para a manutenção da qualidade potencial e da hegemonia russa na região. É na Crimeia que está "depositada" uma das principais flotilhas da armada russa. No outro espaço político-social estão aqueles que defendem que a liberdade e o desenvolvimento da Ucrância estão na aproximação à União Europeia (UE) e aos seus inafundáveis fundos estruturais.

Ambos têm razão que a força do Poder não pode evitar. A História não pode, nem deve, ser esquecida ao contrário do que praticam alguns dos actuais países da UE - os lusos e os gregos estão entre os políticos que se esqueceram da História com as consequências que ressaltam aos olhos dos seus povos - como é certo que foram os fundos da UE que permitiram que alguns países, nomeadamente os do Sul, se aproximassem, estruturalmente, da qualidade e do desenvolvimento económico dos países do Norte, como são os escandinavos, os alemães e os franceses.

Parece-me que a Ucrânia deve, inteligentemente, abarcar as duas opções. Impôr o bom senso é a condição necessária às potências que tentam - devem - manter a integridade territorial e política dos ucranianos.

Quer à Rússia, quer à União europeia interessa-lhes ter entre os dois um lago calmo e aprazível; uma ponte de união entre duas culturas que devem ser intercomunicacionais e unidas, apesar das suas naturais diferença.

A Ucrânia pode e deve ser esse elo de união. Assim queira os bom sensos imperarem!

 

*Investigador (angolano-português) do Centro de Estudos internacionais do ISCTE-IUL

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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