Gravidez influi na visão

Hormônios provocam piora do ceratocone, instabilidade na refração, olho seco e diabetes gestacional. 3 em cada 10 gestantes correm risco de pré-eclâmpsia e a hipertensão no Brasil.

As alterações hormonais durante a gestação podem causar graves doenças nos olhos. Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, um estudo realizado na Turquia aponta o agravamento do ceratocone como um dos distúrbios oculares relacionados à gestação. O especialista explica que no Brasil a evolução dessa doença que afina e deforma a córnea está por trás de 7 em cada 10 transplantes. A boa notícia é que a aplicação na córnea do crosslink, associação de riboflavina com radiação ultravioleta, pode fortalecer as fibras de colágeno antes da gravidez e evitar a evolução do ceratocone. A má  é que falta planejamento familiar no Brasil. Prova disso é o índice de 11,7% de partos prematuros revelado pelo Ministério da Saúde, muitos relacionados a doenças que podem ser diagnosticadas por exame ocular.

 

Refração e olho seco

Queiroz Neto afirma que a queixa mais comum entre gestantes é a visão desfocada. Está relacionada à maior retenção de líquidos pelos tecidos oculares que provoca oscilação na refração. "É uma alteração temporária e geralmente após o parto a mulher volta ao grau usado antes de engravidar", afirma. Por isso, novos óculos ou lentes de contato só são indicados quando a visão atrapalha as atividades do dia-a-dia. Por causa da instabilidade do grau, comenta, a cirurgia refrativa para corrigir miopia, hipermetropia ou astigmatismo é contra-indicada para gestantes.

A maior produção de estrogênio durante a gravidez, ressalta, também provoca a síndrome do olho seco que desencadeia intolerância às lentes de contato. Os sintomas são visão embaçada que melhora com o piscar, desconforto após ver TV ou trabalhar no computador, sensação de areia nos olhos, vermelhidão, coceira e lacrimejamento excessivo. As recomendações do médico para diminuir o ressecamento dos olhos são: instilar lágrima  artificial sem conservante, evitar o consumo excessivo de carboidratos, gordura e carne bovina e adicionar à dieta frutas, verduras e fontes de ômega (semente de linhaça, sardinha e salmão).

Olhos antecipam diagnósticos em gestantes

Mulheres que engravidam com mais de 40 anos e nas que têm pouca idade Queiroz Neto afirma que a velocidade do fluxo sanguíneo nos olhos pode atingeir níveis críticos. Dados do IBGE (Instituto brasileiro de Geografia e estatística) apontam que no Brasil cerca de 18% das mães têm pouca idade, de 15 a 19 anos. e 14% mais de  40 anos. Significa que mais de 3 em cada 10 gestantes brasileiras têm maior risco de desenvolver  hipertensão gestacional. Queiroz Neto explica que a doença é um fator de risco para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia. A doença acontece depois da 20ª semana de gravidez, quando além da hipertensão a mulher  elimina proteína pela urina e tem inchaço generalizado.  Representa a maior causa  de morte na gestação. A boa notícia é que a dopplerfluxometria pode  antecipar o diagnóstico. O especialista explica que o exame é uma espécie de ultrassom. Pela análise da velocidade do fluxo sanguíneo nos vasos do globo ocular faz o diagnóstico precoce da hipertensão gestacional e da pré-eclâmpsia que são sinalizadas por manchas e pontos escuros na visão. 

Diabetes gestacional

O diabetes gestacional, ressalta, também pode ser diagnosticado pelo exame de fundo de olho. A doença atinge cerca de 7% das gestantes e pode ser evitada com uma dieta rica em proteínas, com pouco açúcar e carboidratos. Queiroz Neto explica que é desencadeada  pelo aumento da produção de HLP (Hormônio Lactogênio Placentário) que inibe a produção de insulina pelo pâncreas. Isso aumenta o nível de glicose no sangue e faz crescer novos vasos na retina que comprometem gravemente a visão. Pode também causar hemorragia vítrea com obstrução  visual, descolamento da retina sinalizado pela visão de flashes ou glaucoma neovascular caracterizado pelo crescimento de vasos na íris  que provocam súbita perda da visão.

Segundo Queiroz neto o diabetes gestacional geralmente aparece na 24a semana da gestação e desaparece após o parto. Os exames devem ser feitos a partir da 12a semana nos grupos de risco. Os principais são formados por mulheres com:

Ø  Hipertensão arterial

Ø  Sobrepeso e gordura abdominal

Ø  Grande ganho de peso na gestação

Ø  Histórico pessoal ou familiar de diabetes

Ø  Crescimento excessivo ou lento do feto

Ø  Mais que 25 anos de idade.

Ø  Baixa estatura.

 

Eutrópia Turazzi

LDC Comunicação

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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