Brasileiro banaliza proteção solar

Quase metade dos brasileiros não acredita que os óculos sem filtro solar colocam a visão em risco.

No estilo clássico, retrô ou esportivo os óculos de sol não previnem doenças oculares na opinião de 47% dos brasileiros. Por isso, na hora de comprar, deixam de observar a procedência do acessório. Lente com filtro solar é o item mais importante para outros 21%, enquanto 32% não têm hábito de usar óculos escuros.

É o que mostra um levantamento realizado nos últimos 14 meses pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, com 1,1 mil pacientes na faixa etária de 27 a 45 anos.

Este é o terceiro levantamento que o especialista faz em 10 anos sobre como o brasileiro protege a saúde  da radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol. Para ele, a falta de proteção pode ser ainda maior do que os pacientes declaram.

Isso porque, 70% dos entrevistados afirmam usar filtro solar na pele durante as atividades ao ar livre. Ainda assim, todo ano cresce no país o câncer de pele não melanoma que tem como maior causa a falta de filtro solar. Relatório do Ministério da Saúde mostra que a doença deve saltar de 134 mil casos em 2013 para 182 mil neste ano.

Risco maior

Queiroz Neto explica que os óculos sem filtro solar são piores que a falta deles. "No escuro nossas pupilas dilatam, uma quantidade maior de radiação UV penetra nos olhos, facilitando o aparecimento de doenças causadas pelo efeito cumulativo da radiação", afirma.  Uma delas é a catarata que deixa o cristalino turvo e causa cegueira. A falta de proteção solar aumenta em 60% o risco de contrair catarata. Geralmente está relacionada ao envelhecimento, mas tem surgido cada vez mais cedo entre brasileiros, destaca. Todo ano são 120 mil novos casos no país. Parte poderia ser evitada com uso de óculos apropriado. Para evitar a perda da visão o único tratamento é a cirurgia em que é implantada uma lente atrás da íris, porção colorida do olho. Outra doença grave que pode ser causada pelo sol, comenta, é a degeneração macular. Provoca a morte das células da mácula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes.

Efeito imediato

Para o médico a falta de cuidado com os olhos no sol está relacionada à falta de sintomas imediatos causados pela radiação UV. "A única alteração que ocorre depois de algumas horas no sol é a fotoceratite, inflamação temporária da córnea que deixa os olhos vermelhos e irritados", afirma. Geralmente o desconforto desaparece no mesmo dia. "Embora pareça um mal menor, as células perdidas não se recuperam mais. Isso pode comprometer a visão", alerta. Tanto que de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) 5% dos casos de cegueira são causados por opacidades na córnea que podem estar associadas a repetidos quadros de fotoceratite.

Outras doenças

Nas pálpebras, ressalta, podem ocorrer manchas de senilidade e até câncer. A falta de proteção UV no verão também aumenta os casos de pterígio, membrana que cresce na conjuntiva em direção à córnea, confundida com catarata por muitas pessoas. Ainda na superfície do olho o especialista diz que radiação UV faz surgir lesões pré-malignas e cancerígenas que têm a mesma aparência do pterígio

Como escolher os óculos

"São mais suscetíveis aos efeitos nocivos do sol, pessoas de olhos claros e trabalhadores que exercem atividades externas", enumera o oftalmologista. Por isso recomenda que usem sempre lentes com proteção solar. Queiroz Neto diz que os óculos devem se adequar às atividades. As dicas do médico são:

Óculos de grau podem ter lentes transparentes com o mesmo efeito protetor dos solares, ou seja, receber uma película que filtra 100% da radiação UVA e UVB, as mais prejudiciais aos olhos.

Esportistas - As melhores opções são as lentes inquebráveis de policarbonato ou poliuretano e com tratamento para não embaçar.

Lentes removíveis - podem transformar uma única armação em várias opções de óculos com a troca da cor das lentes.

Lentes digitais - têm a mesma tecnologia utilizada nas TVs de alta definição, e melhoram a nitidez das imagens, principalmente para quem dirige à noite.

Cor - O médico diz que a cor da lente deve variar de acordo com a atividade:

  • Âmbar, marrom - permitem boa visão de profundidade, além de reduzirem reflexos.
  • Cinza - ideal para dirigir em dias nublados porque permite melhor visão de contraste.
  • Rosa e púrpura - indicadas para surfistas por melhorar a visão de contraste em fundos azul ou verde.
  • Amarela - para diminuir o ofuscamento de motoristas no lusco-fusco do entardecer.

Eutrópia Turazzi,

LDC Comunicação

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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