Novas fronteiras de exploração mineral, ameaça ecológica

Embora o alto preço de um produto seja indicativo de sua escassez e devesse contribuir para a redução do seu consumo, para a maioria das commodities este dogma não tem funcionado.

A ameaça a santuários ecológicos e regiões ainda virgens do planeta cresce na proporção direta da cotação do petróleo e de alguns minerais, pois altos preços tornam viável a prospecção de óleo, gás e minérios nos mais inóspitos recantos, como o Ártico, onde se delineia uma disputa pelas generosas reservas de hidrocarbonetos lá existentes.

A exploração das recém-descobertas jazidas de petróleo nos reservatórios abaixo da camada de sal da costa brasileira não seria rentável há alguns anos, assim como a extração de óleo dos gigantescos depósitos de areia betuminosa do Canadá, mas os preços, bem antes dos atuais US$ 135 dólares por barril já justificavam a ordenha do óleo das areias de Alberta, cujo betume os índios usavam para impermeabilizar canoas.

As areias são uma mistura de água, areia e óleo pesado; jazidas tão vastas que podem ser consideradas seis vezes maiores que as da Arábia Saudita. O custo de extração é de aproximadamente US$ 27 por barril, mas a tecnologia atual, no entanto, só permite a recuperação de 10% das reservas.

O busílis ecológico é a extração do óleo, que demanda muito calor, com a queima de enormes quantidades de gás natural e água, na medida de um barril de gás e outro de água para dois de cru. Efeito colateral do processo, a chuva ácida está acabando com a vegetação, especialmente árvores.

A água retirada diariamente do Rio Atabasca, suficiente para abastecer um milhão de pessoas, embora reciclada, não se presta ao consumo; é depositada em lagos artificiais. Parte dela é contaminada por metais pesados e hidrocarbonetos carcinogênicos.

Mas há outra fronteira ameaçada pela alta das cotações de commodities.

O leito marítimo tem grande concentração de metais e petróleo. Por enquanto, só este está ao alcance dos homens. Mas o que será quando começar a mineração subaquática?

Já existem protótipos de equipamentos de mineração submarina para extração de metais depositados nas proximidades de fissuras vulcânicas no leito oceânico, na linha de frente da emergente indústria de mineração submarina, o que faz soar o alarme para ambientalistas e cientistas.

Ferramentas já existem capazes de operar à profundeza de 1.700 metros, e deverão entrar em operação em 2010, no Pacífico.

Os equipamentos extrairão minérios com teores metálicos muito maiores que os retirados de terra firme: 8% a 10% de teor de cobre, enquanto os das minas em terra têm, em média, 0,59%.

O primeiro sítio de prospecção fica em Papua Nova Guiné, e já há licenças de operação em Tonga, Fiji e Nova Zelândia, locais escolhidos por causa de sua proximidade com regiões de atividade vulcânica, às margens de placas tectônicas.

Os depósitos dos chamados polimetais são formados a partir da água marinha aquecida. À medida que ela passa por rachaduras nas placas, absorve enxofre e torna-se ácida; atinge temperaturas de 300ºC e dissolve os minerais, depois sobe e alcança as águas superficiais, à temperatura de 2º C.

Ambientalistas acreditam que esta atividade poderá espoliar a biodiversidade de vastas áreas do leito marinho, causando perturbações em um frágil ecossistema marinho.

Existem áreas contendo ouro, prata e zinco também nas águas do Japão, Nova Zelândia, Palau, Micronésia, Ilhas Mariana do Norte, Vanuatu, Itália.

A operação é rentável enquanto os preços do cobre na Bolsa de Metais de Londres se mantiverem acima de £ 1,50; hoje, estão em £ 3,80.

O custo ambiental destas alternativas, contudo, poderá ser astronômico.

Luiz Leitão [email protected] http://detudoblogue.blogspot.com

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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