Buracos de areia matam com mais frequência que tubarões

 Mais de duas dúzias de jovens foram mortos na última década vítimas de buracos de areia, de acordo com Dr. Bradley Maron, da Escola de Medicina de Harvard, EUA, principal autor do relatório da área. Desde 1985, pelo menos 20 crianças e jovens nos Estados Unidos morreram em deslizamentos de areia em praias e quintais. E pelo menos outros oito morreram na Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido, de acordo com uma carta escrita pelos médicos e publicada na edição desta semana do The New England Journal of Medicine.

Entre eles estava Matthew Gauruder, que morreu em uma queda depois de uma festa na praia depois da formatura em Westerly, R.I., em maio de 2001. O rapaz de 17 anos estava jogando futebol com seus amigos quando pulou para fazer um passe e caiu de costas em um buraco de 2,5 metros que alguém havia cavado antes.

As pessoas que tentaram resgatá-lo pioraram a situação jogando mais areia para dentro do buraco enquanto tentavam chegar até ele. Pessoas que estavam na cena do acidente disseram que ele talvez tenha ficado enterrado por 15 minutos, disse sua mãe, Mavis.

“As pessoas não têm idéia de quão perigoso é isso”, disse ela, em uma entrevista nesta semana.

Colapsos de buracos de areia acontecem terrivelmente rápido, disse o Dr. Bradley Maron. “Normalmente, as vítimas ficam totalmente submersas na areia quando as paredes do buraco desabam inesperadamente, deixando praticamente nenhuma evidência do buraco ou da localização da vítima”, escreveu Maron, um médico residente.

Maron, que já foi salva-vidas, começou a interessar-se pelo assunto no verão de 1998. Ele estava de férias com sua família em Martha's Vineyard quando seu pai, o cardiologista de Minnesota Dr. Barry Maron, viu um salva-vidas socorrer uma menina de 8 anos que havia sido engolida por um buraco.

A garota sobreviveu, graças ao resgate dramático. Mas a situação deixou Maron impressionado, e ele passou anos rastreando – e escrevendo sobre – incidentes similares.

“Tem sido quase que uma questão de honra para ele”, disse Dennis Arnold, que dirige a patrulha litorânea na vizinhança de Edgardtwon, em Martha’s Vineyard, e era o chefe de Maron naquele verão.

As pessoas naturalmente se preocupam com ameaças que fazem mais estardalhaço, como ataques de tubarão. Todavia, a pesquisa de Maron descobriu que aconteceram 16 mortes em buracos ou túneis de areia nos EUA entre 1990 e 2006, comparadas a 12 mortes por tubarões no mesmo período, de acordo com estatísticas da Universidade da Flórida.

E Bradley Maron acredita que as mortes relacionadas aos buracos de areia são menos documentadas do que os ataques de tubarão.

Pai e filho basearam sua pesquisa principalmente em notícias da mídia e buscas na Internet. A maioria dos acidentes aconteceram nos últimos dez anos, quando conseguiram encontrar registros na Internet.

De modo geral, eles contaram 31 mortes em buracos de areia desde 1985 nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. Eles contaram outros 21 acidentes nos quais uma pessoa foi salva de um buraco, em vários casos por passantes que fizeram os primeiros socorros.

As vítimas, na maioria meninos, variam em idades entre 3 e 21 anos, com a média por volta dos 12 anos.

Obras de construção abandonadas sempre representaram perigo, e um incidente na compilação de Maron – envolvendo três garotas que morreram em East Milton, Flórida, em 1998 – aconteceu em um buraco de argilo cheio de água, provocado pelo deslizamento de um barranco. Essas mortes, se acrescentadas às demais, elevam o número de mortes nos EUA para 23.

Maron e outros aconselham o público a não deixaram crianças pequenas brincarem na areia sem supervisão, e a não entrarem em nenhum buraco mais fundo que a altura dos joelhos.

Em Martha’s Vineyard, os salva-vidas são instruídos para pedir a crianças ou adultos não entrem em nenhum buraco mais profundo que a altura da cintura de uma criança, e para fechá-los com areia, disse Arnold.

De vez em quanto, alguns pais protestam. “Eles dizem ‘Você está estragando o dia das minhas crianças’. Eu respondo que “Não me importo’”, diz Arnold.

Mavis Gauruder, que vive em Fort Mill, S.C., disse que já tentou fazer alertas semelhantes, como na vez que se deparou com um pai cavando um buraco com uma cavadeira de jardim para seu filho pequeno.

Ela foi até os dois e os preveniu do perigo. O homem pareceu não se importar, então ela lhe disse finalmente que tinha tido uma tragédia na família envolvendo uma queda em um buraco.

“Eu pedi a eles que tampassem o buraco. Eles fizeram, mas olharam para mim como se eu estivesse sendo inconveniente”, disse ela.

 Fonte G-1 

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Author`s name Lulko Luba
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