Brasileiro banaliza lente de contato

Nem todos são aptos a usar lentes de contato. Ausência de grau não elimina risco de complicações, alerta especialista.

As embalagens de lentes de contato devem em breve incluir informações sobre os riscos do uso conforme recente recomendação do MFP (Ministério Público Federal) à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, os principais são: infecção, ressecamento da lágrima, alergia, úlcera na córnea e até cegueira.

O especialista afirma que outro problema é a venda pela Internet, farmácias e ópticas sem prescrição médica. Isso porque, ressalta, a venda livre induz ao uso sem prescrição médica de pessoas que não são aptas e acabam fazendo a compra on line por causa do baixo preço. Antes do uso, explica, é necessário fazer uma completa avaliação oftalmológica que inclui utilização de lentes de teste, mesmo nos casos das coloridas sem grau.

A estimativa da SOBLEC (Sociedade Brasileira de Lentes de Contato) é de que 15% das pessoas com vícios de refração não conseguem se adaptar. Queiroz Neto explica que mesmo em quem não têm problemas de visão, a adaptação depende da ausência de doenças oculares, filme lacrimal, curvatura e relevo da córnea. Significa que nem todos podem usar. “Desde 2009 é considerado um procedimento médico pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), mas ainda é banalizado pela população por causa do fácil acesso”, afirma.

Estudo aponta erros mais freqüentes

Lente mal adaptada não é o único risco. Um estudo realizado por Queiroz Neto com 210 pacientes mostra que o uso além do prazo de validade ou durante a noite responde por 45% das complicações, alergias por 35%, contaminação por manutenção e armazenamento inadequados por 20%.

O médico diz que mesmo as liberadas para uso noturno devem ser retiradas durante o sono porque à noite a produção de lágrima é menor. Já as lentes vencidas sofrem deformações. Por isso, nos dois casos a chance de contaminação e ulceração da córnea é 10 vezes maior.

Alergia é maior entre mulheres

Cosméticos e maquiagem usados na região dos olhos podem impregnar as lentes e causar alergia, mais comum entre mulheres, comenta. Para evitar, recomenda que a lente seja retirada antes da remoção da maquiagem e no contato acidental dos cosméticos com a mucosa ocular.

O depósito de proteínas nas lentes é outro fator que provoca reações alérgicas e contaminação. Em geral é decorrente da higiene inadequada. Um erro comum, assinala, é usar soro fisiológico na limpeza. “Além de irritar os olhos porque contém sal, o soro não tem conservante e por isso se torna um campo fértil para o crescimento de bactérias”, afirma. Guardar lentes no banheiro, nem pensar. O médico diz que o ar dos banheiros contém muitos microorganismos e a umidade facilita a proliferação de fungos.

As recomendações para evitar problemas com lentes de contato são:

Fazer a adaptação com um oftalmologista.

Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e passar por consulta médica.

Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes.

Utilizar soluções limpadoras na higiene e enxágüe das lentes e estojo

Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos

Não usar soro fisiológico ou água na higienização

Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo

Colocar as lentes sempre antes da maquiagem

Guardar o estojo em ambiente seco e limpo

Trocar o estojo a cada quatro meses

Respeitar o prazo de validade das lentes

Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.

Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas

Não entrar no mar ou piscina usando lentes.

Eutrópia Turazzi – LDC Comunicação

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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