Sol, Tabagismo e Envelhecimento Afetam Visão

80% dos pacientes buscam tratamento para degeneração macular sem necessidade ou quando a doença já está avançada. Tratamento na fase inicial pode evitar perda da visão.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que aproximadamente 10% das pessoas entre 65 e 74 anos e cerca de 30% das com mais de 75 anos tenham DMRI (degeneração macular relacionada à idade) no mundo. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos sofrem do problema no Brasil. A doença é apontada como a principal causa de cegueira irreversível no País e a incidência tende a crescer devido ao envelhecimento da população.

De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, 80% dos pacientes buscam avaliação médica sem necessidade ou quando a degeneração macular já está avançada. Diferente do que a maioria das pessoas pensa, comenta, a DMRI geralmente não apresenta sintomas em sua fase inicial. Eles só começam a aparecer a partir da fase intermediária, quando o portador nota pontos pretos na visão e as imagens parecem borradas. Os principais sintomas da degeneração macular são visão embaçada no centro da imagem e impressão de que linhas retas parecem sinuosas. Por isso, ressalta, um teste simples que pode ser feito em casa é fixar a moldura de um quadro ou o batente de uma porta.

Se as bordas apresentarem irregularidade sinaliza necessidade de avaliação médica. A doença resulta do aparecimento de neovasos ou afinamento e rompimento da retina, camada de células nervosas oculares onde são formadas as imagens, o que prejudica o bom funcionamento da mácula, parte central da retina, responsável pela visão de detalhes.

O especialista aponta os principais grupos de risco para desenvolvimento da DRMI:

Pessoas com mais de 50 anos

Olhos e pele claros

Histórico familiar de DMRI

Fumantes

Excesso de exposição à radiação ultravioleta emitida pelo sol

Obesos

Pessoas que foram vitimadas por lesões oculares.

Desenvolvimento da Doença

Queiroz Neto explica que conforme envelhecemos a retina recebe menos oxigênio e, para compensar essa deficiência, os vasos sangüíneos começam a se reproduzirem descontroladamente. "Eles se rompem e causam uma mancha que prejudica a visão” – esta é a forma úmida ou exudativa da DMRI, afirma.

Já na forma seca, ressalta, a mácula se degenera pela falta de oxigênio e forma uma cicatriz, que causa perda da visão central.

No Brasil, comenta, a cultura da pele bronzeada e o alto índice de fumantes são duas variáveis comportamentais que podem contribuir com o aumento da doença no país. Isso porque o efeito cumulativo da radiação ultravioleta acelera a oxidação da mácula, além de 20% da população adulta brasileira fumar. Desses 28% tem idade entre 45 a 59 anos. No grupo mais jovem (18 a 24 anos) este índice cai para 19%

Como a falta de oxigênio tem uma relação direta com a doença, Queiroz Neto afirma que os fumantes apresentam um risco duas a três vezes maior de desenvolver a degeneração macular relacionada à idade, além de apresentarem dobro de chance de ter catarata precoce.

O cigarro também acelera a oxidação do organismo. Isso favorece a formação de drusas, que são acúmulos de substâncias nas camadas mais profundas da retina, comenta. As drusas, ressalta, são fortes indicativos de que há propensão para a degeneração macular e mostram que o metabolismo está envelhecendo e não tem mais condições de eliminar as substâncias que produz.

Tratamentos

O médico explica que na DMRI úmida pode ser usada terapia fotodinâmica. Consiste na aplicação de um corante que é injetado na veia para realçar os vasos anormais. Um laser especial estimula a coagulação do corante e obstrui os vasos. Geralmente são indicadas duas aplicações.

Ele afirma que também podem ser usadas injeções de substâncias anti-VGF (sigla para fator de crescimento vascular) disponíveis em várias fórmulas, que podem conter corticóides (antiinflamatórios) que impedem o crescimento desenfreado dos vasos e secam a região. Outro tratamento é o mini-implante de corticóides que combate o crescimento dos vasos e é indicado quando a retina apresenta edema que impede a visão perfeita.

Prevenção

O brasileiro precisa começar a proteger os olhos da radiação ultravioleta com óculos que garantam esta proteção mais cedo. Com o avanço da idade, há uma redução dos elementos antioxidantes que naturalmente compõem a mácula. Para compensar esta perda a recomendação do médico é uma dieta rica em:

ANTIOXIDANTE/FONTES

Vitamina C Goiaba, couve-flor, frutas cítricas, kiwi, espinafre, repolho, manga, entre outros.

Vitamina E Gérmen de trigo, semente de girassol, mamão, abóbora, pimentões.

Selénio Castanha-do-pará. - Cada amêndoa contém 59 microgramas de selênio. A necessidade diária varia entre 55 e 70 microgramas

Carotenóides (especialmente Luteína) Vegetais de folhas verdes

Zinco Ostras, carne, iogurte, cereais

Queiroz Neto diz que alguns estudos demonstram que há uma grande concentração de Luteína na mácula e, por isso, novos medicamentos estão sendo desenvolvidos com adição deste elemento. Ele afirma que tomar suplementação vitamínica ou de oligoelementos sem a supervisão médica pode não ser seguro. O ideal é prevenir antes de qualquer sinal sempre com orientação médica.

Eutrópia Turazzi – LDC Comunicação

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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