O Terrorismo só pode ser vencido através de esforços colectivos

Logo após o que se passou na Inguchétia, o Presidente Vladimir Putin, que se deslocou de urgência a esta república caucasiana, foi honesto em reconhecer que nem fazia a ideia da verdadeira situação na República. "O que eu vi - comentou o Chefe de Estado em conferência de imprensa promovida na quinta-feira - é bem diferente do que eu sabia em Moscovo".

São também controversos os dados sobre as vítimas destes tristes acontecimentos. Um representante do Ministério das Situações de Emergência da Inguchétia comunicou à RIA "Novosti" que, segundo os dados referentes às 16 horas do dia 23 de Junho, na sequência do ataque dos extremistas, foram mortas 93 pessoas. Referindo fontes da Procuradoria da Inguchétia, o representante plenipotenciário do Presidente para o Distrito Federal Sul, Vladimir Yakovlev, falou de 75 vítimas. Fosse como fosse, estes dados são muito tristes e alarmantes. Eles confirmam mais uma vez que os extremistas idearam e planificaram meticulosamente a sua acção na Inguchétia, tendo como objectivo provocar o maior número possível de vítimas. Reforça também esta ideia o facto de os terroristas terem desaparecido sem deixar vestígios, como que se dissolvendo no ar.

Não parecem justas as afirmações que vêm frequentemente à tona nos "mass media" ocidentais constatando "o colapso da política do Kremlin na Chechénia e no Cáucaso em geral". Parecem ainda mais duvidosos os comentários sobre a possibilidade de conversações entre o Kremlin e o cabecilha dos separatistas chechenos, Aslan Maskhadov, cuja figura está sem dúvida por atrás dos últimos acontecimentos na Inguchétia. Não pode haver conversações com terroristas. E este princípio é seguido não só pelas autoridades da Rússia, mas também por outros países que enfrentam tentativas de pressão. Não importam as causas que movem os terroristas a fazer "proezas" deste género. Mesmo os argumentos de acabar com a ocupação - como são os casos do Iraque ou do conflito entre Israel e a Palestina - não servem para justificar o terrorismo. Na entrevista exclusiva à RIA "Novosti" o secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis, observou com toda razão: "Afirma-se que o terrorismo é uma violação grosseira dos direitos humanos. Digo, não é bem assim: o terrorismo é violência e nada mais!"

Em Moscovo fizeram duas conclusões importantes face aos acontecimentos na Inguchétia. A primeira é a necessidade de reforçar o potencial antiterrorista no Cáucaso do Norte. Durante a sua visita à cidade de Nazran (22 de Junho) o Presidente Vladimir Putin tomou a decisão de instalar mais contingentes do Ministério do Interior e reforçar o aeroporto da capital da República, Magas.

A segunda consiste em redobrar e intensificar a cooperação com todos os países envolvidos na coligação antiterrorista. Hoje, o terrorismo é o desafio e o perigo mais sinistro e perigoso e, por isso, não deve haver lugar para a política de "padrões duplos". O mundo muda duma maneira vertiginosa e, portanto, os argumentos usados no século XX durante a "guerra fria" não se justificam no século XXI. Para acabar com o terrorismo é preciso juntar os esforços, organizar numa frente unida. E não adianta regozijarmo-nos com os fracassos do vizinho. Na luta contra o terrorismo todo e qualquer país deve contar com a solidariedade e o apoio dos outros a todos os níveis.

Convém neste contexto referir a recente declaração do Presidente Vladimir Putin de que os serviços secretos da Rússia avisaram na altura a administração de George Bush sobre o perigo do regime de Saddam Hussein. Por isso, Moscovo tem o direito de contar com igual gentileza da parte dos países que participam na coligação antiterrorista no que respeita a actos subversivos em território russo. Só através de esforços coordenados de todos os países que enfrentaram cara a cara o terrorismo - evidentemente, a Rússia, os Estados Unidos, os países europeus - será possível vencer o terror e a violência.

Andrei Pravov observador político RIA "Novosti"

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