Uma Nação sem pátria

Quando alguns se envergonham de lutar por ela, e não tem orgulho de defendê-la numa guerra, é chegado o fim de uma era. Assim vai caminhando o grande sonho atleticano, tendo seu destino entregue às mãos daqueles que não comungam com os seus ideais.

Estes que aí estão defendendo as cores da nossa Nação, não são dignos de fazê-lo. Nunca foram. Não começaram a jogar futebol agora, mas há muito. É tolo acreditar que eles trazem a culpa encarnada. Tolo. A ordem natural das coisas nos diz que nunca podemos cobrar algo de alguém que não pode e nem tem condições de nos dar. Requer ao grande mestre, legislador, saber escolher tarefas para aqueles que podem cumprir, romper barreiras. Falta, assim, ao corpo atleticano, este. Não vale esbravejar, chutar vento se nada tiver um sentido, um objetivo, um ponto final. O grande lance, a grande jogada, é pegar a bola, driblar só com o jogo de corpo, avançar com habilidade, ter domínio da situação e chutar por debaixo das pernas do defensor, daquele que quer atravancar o caminho da vitória. O Atlético não tem hoje, nem no campo, nem fora do campo, um ‘jogador’ desta estirpe, desta linhagem. O time de dentro do campo está no mesmo nível do que está de fora. Estão, assim, ambos, por fora, não são, nem de longe, herdeiros direto da Nação Atleticana. Têm os corações pequenos, não cabem nossa torcida. Não estão à altura da nossa voz que nunca cansa de gritar, de amar o time que joga dentro do nosso coração e faz gol em nosso peito. Falta-lhes o sentido da transcendência além das quatro linhas demarcadas.

A Nação Atleticana é hoje uma Nação traída, entregue aos desmandos de dirigentes menores, seres desprovidos dos peitos lastros de vitórias. O zagueiro que dá chutões só está em campo, por que um dirigente sem a fina visão do todo, também dá chutões fora, e o permitiu estar ali. São iguais os hoje vestem a camisa do clube. Falta-lhes glória no olhar, nos corações, na forma de ver e lidar com os ideais de muitos. Assim, o grande deus sem milagres, responsável pelos sonhos de tantos, se vê como um deus caído, despossuído de toda honra, toda glória.

Faço aqui este registro por que dentro de mim tremula uma bandeira preta e branca cravada no meu coração vermelho, uma bandeira hasteada pelos pés-santos de tantos que edificaram um império, um latifúndio atleticano no meu coração, no meu peito que nasceu vencedor. Olho pela fresta da janela e vejo uma cidade triste, um universo preto e branco acinzentado pelas curvas da história. Não posso calar, pois quando o probo silencia, agiganta-se a voz do roto. Precisamos de pátria, não de parias. Nasci trazendo no peito um coração vencedor e assim ele vai morrer: silenciado por um grito de gol.

Petrônio Souza Gonçalves jornalista e escritor

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