Comentário sobre Organização de Cooperação de Xangai: Uma Gata de aprende a Caçar Ratos

No sábado último, a capital da Rússia foi cenário da cimeira dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos países signatários da Organização de Cooperação de Xangai (OCX).

A conclusão mais importante que conseguiram constatar os participantes desta conferência foi o andamento normal e objectivado dos trabalhos orientados para dar ordem e configuração à associação tão potente e capaz que é a OCX. Importa observar que esta fórmula foi mais agradável para as partes em diálogo, porque no fórum análogo que decorreu em Janeiro do ano anterior em Pequim as questões eram colocadas de forma mais radical - isto é, sobreviverá ou não a Organização de Cooperação de Xangai?

No Verão de 2001, ainda antes dos atentados terroristas em Nova Iorque e Washington e da queda do regime dos Talibanes no Afeganistão, esta associação foi ideada como resposta colectiva da Rússia, China, Cazaquistão, Quirguízia, Tadjiquistão e Uzbequistão ao desafio do terrorismo que se expandia nas fronteiras de ditos países. O derrubamento dos Talibanes e o surgimento espontâneo das bases militares norte-americanas na Ásia Central impôs aos entusiastas da OCX os lemas seguintes: ficámos novamente em atraso? a Organização de Cooperação de Xangai já não é mais necessária?

Hoje em dia, estas dúvidas não existem mais e, consequentemente, as tarefas parecem mais simples: harmonizar e conciliar os posicionamentos, acompanhar de perto numerosos problemas políticos quotidianos tratados por um sem-número de departamentos e repartições dos países da OCX. A título de exemplo: os mecanismos de funcionamento e coordenação das actividades da Procuradoria-Geral têm que ser tratados entre os ministros de Justiça dos seis países, da mesma forma que para outros assuntos entre os ministros dos Transportes, Comunicações, Economia e até mesmo da Cultura dos países signatários da Organização de Cooperação de Xangai. E por aqui não acaba toda a diversidade do trabalho para criar uma Ásia Central, segura e próspera, tendo como sustentáculo principal a parceria entre os dois gigantes que constituem a coluna vertebral da OCX - isto é, Rússia e China.

Neste sentido é curioso analisar as atitudes do Uzbequistão para com a OCX. Este país foi o último a aderir ao Acordo de Segurança Colectiva, tendo um forte respaldo dos Estados Unidos que experimentavam pouco entusiasmo pela organização em vias de constituição. A propaganda oficiosa do Uzbequistão destroçava, toda satisfeita, "o colonialismo russo que durou séculos", enlevava a presença norte-americana na região centro-asiática, dizendo que a amizade entre a Rússia e o Uzbequistão tem que ser sacrificada a favor da parceria uzbeco-americana. Esse período de euforia pró-americana ficou para trás e, portanto, o Uzbequistão mudou as suas atitudes e repôs o seu comportamento político.

Quem teve culpa por esta situação foram os Estados Unidos, com toda a sua política exterior a propor: acontece que até agora não souberam propor aos seus adeptos centro-asiáticos novos e alternativos projectos económicos e financeiros para os países deste região0 do mundo. Em seus projectos para a Ásia Central a diplomacia norte-americana nada tinha a propor, senão declarações oblíquas e quotas pelo aluguel das bases militares.

Dada esta esterilidade das propostas para a Ásia Central, a diplomacia norte-americana começou a dispensar as dicas quanto à "democratização dos regimes e estruturas centro-asiáticas". Para dizer mais: nem a diplomacia da Rússia nem da China se atreveram a dar conselhos a respeito da democratização (sempre a modo americano) dos países da Ásia Central. Diga-se a propósito que esta mania dos Americanos de aconselhar as suas fórmulas e dicas com respeito à democracia já lhes trouxe muitos desgostos pelo mundo moderno. Porque se trata de frases abstractas, globais, demasiado generalizadas que servem somente para dar cobertura e encher as lacunas da política da Administração Bush para a Ásia Central. Os objectivos e as formas da sua realização ficam por enquanto desconhecidos.

Nas elites centro-asiáticas surge dai a tentação de jogar com todos rivais, em simultâneo - o que dá a margem para supor que todo este jogo é montado para atiçar, premeditadamente, as rivalidades históricas e tradicionais. Mas, para a elite política da Rússia ou da China a questão central se apresenta no paradigma seguinte: ou opor-se aos Norte-americanos na região centro-Asiática, ou cooperar com eles.

Em conclusão: a Moscovo oficial é ciente de que a situação na região centro-asiática é tão intrincada e complicada - dada a potência do fundamentalismo islâmico que vem do Afeganistão - que não permita a nenhum país declarar-se monopolista desta região do mundo. Pois, justamente neste contexto, os países da Organização de Cooperação de Xangai poderão prestar-se, na medida do possível, como arma dos EUA no combate global ao terrorismo.

Dmitri Kossyrev a © RIAN

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