ESTADOS UNIDOS E UNIÃO EUROPÉIA: OS DEFENSORES DA DEMOCRACIA?

Os EUA e a UE gostam de propagar-se como "defensores da democracia pelo mundo", fazem alarde de terem os regimes mais democráticos e serem modelos para o mundo. Porém, não hesitaram, e ainda hoje não hesitam, em derrubar governos eleitos democraticamente: basta ver o que fizeram na Geórgia no ano passado, ao influenciar a deposição de Eduard Shevarnadze e a sua substituição por um líder pró-Ocidente, Mikhail Saakshvili. Tentaram fazer o mesmo na Venezuela, apoiando um plebiscito que deveria forçar a renúncia de Hugo Chávez (embora este tenha ganhado sem dificuldades). Estão agindo para fazer o mesmo na Bielorússia, para tirar o presidente Aleksandr Lukashenko, favorável à Rússia e que não tem nenhuma intenção de ingressar seu país na OTAN.

Agora é a vez da Ucrânia: nas eleições presidenciais, os principais candidatos são Viktor Yushchenko, pró-Ocidente, e Viktor Yanukovitch, a favor de uma postura equilibrada da Ucrânia. O resultado oficial ainda não está disponível, mas há uma pequena vantagem de Yanukovitch, de cerca de 3%: o que basta para os EUA e a UE protestarem contra a ilegalidade das eleições, que não refletem a vontade popular.

Como eles sabem que não refletem a vontade popular? Supõe-se que a eleição deveria afirmar isso. A resposta é simples: o candidato que beneficia os EUA e a UE é aquele que o povo "realmente" quer, por mais que as urnas digam o contrário. É assim que temos que definir o termo "democracia" para os EUA e a UE: "os líderes que atendem aos nossos interesses são democráticos; aqueles que são contrários, são usurpadores e déspotas". Hugo Chávez, Aleksandr Lukashenko foram eleitos: mas não são democratas. Se na Venezuela e na Bielorússia eles forem sucedidos por presidentes mais maleáveis aos interesses dos norte-americanos e dos europeus ocidentais, independente de como eles cheguem ao poder, com certeza serão "presidentes legítimos e democráticos".

Diz o ditado: "Quem tem telhado de vidro, não joga pedras no vizinho". Os EUA ainda não se recuperaram da vergonha que foram as eleições de 2000, e ainda há muitas dúvidas em relação às atuais, embora não sejam tão comentadas pelos meios de comunicação. Além disso, há a redução gradual dos direitos civis e um controle cada vez maior dos meios de comunicação por parte do governo. Na União Européia as eleições talvez sejam mais justas, e há líderes sensatos como o primeiro-ministro espanhol Zapatero. Porém, nesse ano aderiram à União países como a Letônia, a Estônia e a Lituânia, onde veteranos nazistas são considerados "heróis da liberdade" e a população de origem russa (que constitui entre 30 a 40% da população total) não pode usar sua língua natal nem particpar de cargos públicos (exceto na Lituânia). Os EUA e a UE têm bastante problemas com seus regimes, e simplesmente não podem arvorar-se "modelos de democracia para o mundo".

Carlo Moiana Pravda.Ru Brasil

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