Objectivo principal de Presidente Putin

"A Rússia quer e será um Estado democrático, de economia de mercado e social", declarou o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, respondendo às perguntas dos participantes do Congresso Mundial de Agências Noticiosas em Moscovo.

Há apenas um mês estas palavras teriam sido interpretadas como mais uma frase banal de entre as habituais declarações do Presidente Putin, mas hoje já ninguém as pode interpretar como uma banalidade. Trata-se de um programa político, de uma espécie de juramento de lealdade, dado no momento de uma escolha séria.

A actual realidade é implacável: o terrorismo tornou-se de facto uma verdadeira ameaça para a Rússia, pondo em causa as conquistas já alcançadas na área da democracia e economia de mercado.

"Será que o retrocesso é inevitável? Em que medida serão limitadas as liberdades para garantir a segurança e valerá a pena fazê-lo?" - são as perguntas que inquietam hoje os analistas políticos russos, estrangeiros e o próprio Putin.

Mas os problemas de Vladimir Putin não são simplesmente os problemas particulares de um Presidente à procura de um novo estilo político, adequado à actual situação. São antes de tudo os problemas da Rússia, problemas ditados pela sua posição ambígua no mundo contemporâneo. Por um lado, a Rússia é uma parte da civilização ocidental, que tem professado ao longo de séculos os mesmos valores e aspirado aos mesmos ideais. Mas, por outro, é o elo mais fraco desta mesma civilização, o elo onde muitos dos seus problemas (económicos, políticos, financeiros, de segurança) se revelam - e também ao longo de séculos - de uma forma mais aguda.

Hoje em dia o Ocidente, na pessoa dos EUA e seu aliados, luta contra o terrorismo internacional no Iraque e no Afeganistão. O problema não está no facto de nesta luta terem vindo a ser cometidos vários erros e nem todas as acções serem bem pensadas e ponderadas, o que provoca uma certa tensão nas relações entre os países do Ocidente e colisões políticas agudas dentro deles. A situação da Rússia é completamente outra, pois esta é obrigada a lutar contra o terrorismo internacional no seu próprio território, não podendo esta guerra deixar de marcar significativamente as particularidades da sua democracia e economia.

A principal tarefa de Putin consiste em fazer com que esta marca não passe disso mesmo, de uma influência superficial que não afecte os valores e ideais da sociedade que o elegeu como Presidente. É muito possível que seja da compreensão desta situação que provenham as suas insistentes propostas referentes à criação da Câmara Social, um órgão de supervisão das acções do poder, e ao reforço do controlo social da actividade dos serviços secretos. A nova fórmula de Putin deve ser a seguinte: "O Estado e a Sociedade são aliados e parceiros na luta contra o terrorismo. O isolamento irá condenar à derrota tanto o Estado como a Sociedade".

O tempo dirá se Putin irá conseguir levar a cabo a sua tarefa, mas a intenção de vencer já foi manifestada.

Yuri Filippov observador político RIA "Novosti"

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