O poder da arte

Cabe à arte abrir horizontes, portas, janelas, espaços, universos, facetas, ângulos, posições, inovações.

Não importa captar e enquadrar o belo, o harmônico, se a resultante não consegue provocar a estabilidade, forçando uma leitura nova, revolucionando formas, conhecimentos, raciocínios, emoções.

A arte exprime o drama do tempo. Tenta desvendar as tramas. Revela os sentimentos escondidos. Rompe as fronteiras do caos inconseqüente. Brinca com a compreensão inatingível.

E quanto mais a arte pinta quadros nunca vistos, o ordenamento torna-se continuamente inglório.

O mundo procura sinais, códigos, dicionários, interpretações, rumos, paz, tranqüilidade. Tudo, no entanto, se ultrapassa no instante. A vida é um quebra-cabeça que nunca se completa.

Pouco adianta corrigir. É uma tentativa de rearranjar o passado. O desconhecido parece que se despeja sobre o conhecido, cada vez mais veloz, mais forte, mais avassalador.

Enquanto a ciência procura prender as causas e efeitos ou efeitos e causas, a arte abre caminhos como se tudo não passasse de uma brincadeira infantil.

O novo filme, o novo livro, o novo teatro, a nova pintura, a nova escultura, a nova dança, a nova sinfonia, a nova emoção só é percebida por espíritos terrivelmente angustiados pela libertação.

Esses espíritos não aceitam os grilhões impostos, aprovados e promulgados. São indomáveis, incorrigíveis, totalmente selvagens.

A sensibilidade funciona como uma antena voltada para espaços permanentemente conflituosos. O artista ama o conflito, a diversidade, o embate. Não consegue parar. Cumpre um papel raro. Extraordinariamente perigoso.

Permeia a linha divisória entre a frustração e a realização fugaz, alcançada na obra. Em seguida, tudo recomeça mais agressivo, mais dramático, mais desafiador.

O artista ou se cansa, ou se esgota, ou se exaure. Precisa vizinhar a loucura.

O mundo nunca precisou tanto dos artistas, principalmente dos loucos, ousados, inesgotáveis, persistentes.

Um bilhão de crianças enfrentam problemas gravíssimos provocados pelos trinta conflitos internacionais, em plena ação, pelo HIV ou pela fome. Não são uma, duas, mil, milhão. É quase uma quinta parte de toda população do Planeta Terra.

Quatro bilhões e trezentos milhões de humanos estão excluídos do mercado de consumo. Mais vinte anos, este número estará se aproximando de cinco bilhões.

A cota de dez mil ogivas nucleares estabelecidas para 2007 não será cumprida. O estoque atual é de aproximadamente trinta mil armas táticas nucleares. Elas são suficientes para matar três vezes toda a humanidade. Isso é apenas a ponta do iceberg. Se ocorrer um conflito de proporções maiores, o plutônio e urânio existentes permitem a produção de 230 mil ogivas nucleares.

O mundo continua bárbaro. O homem aprendeu a matar o próprio semelhante. Não se trata de assassinatos ao acaso. O pior é o estado assassino, como a mortandade praticada pelos norte-americanos no Iraque, sem qualquer legalidade. São mais de cem mil mortos. A maioria mulheres, crianças, velhos.

O planeta, definitivamente, está louco.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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