Espírito Medieval

O novo papa, salvo o milagre de um grande insight, distancia-se dos grandes desafios da humanidade como o distanciamento entre ricos e pobres.

Ao contrário, está preocupado com os dogmas, os preceitos, os comportamentos do jogo de aparências.

É fruto de um conclave politizado, controlado e absolutista.

João Paulo II marcou profundamente seu império. O novo papado é sua sombra. Permanece o carisma do polonês.

A Igreja retrocede à idade média. Foge dos grandes problemas da mesma forma que o diabo se esconde da cruz.

Não há preocupação com o desenvolvimento humano. Em nenhum outro momento a diversidade foi tão significativa e ampla como agora.

Faltam valores e princípios. Sobram normas e regras inadequadas.

A maioria da humanidade vive escrava do poder dominante. São mais de 4 bilhões de humanos pobres, subdesenvolvidos, excluídos e explorados.

Pouco mais de 2 bilhões desfruta o mercado de consumo.

Apenas 200 milhões são ricos capazes de comprar carros, imóveis, viagens paradisíacas, e por aí afora.

A Igreja Romana arregimenta 1 bilhão de seguidores. Mais de 70 por cento são pobres. Mesmo assim contribuem para o usufruto real do clero. Pouquíssimos padres são pobres. O alto clero vive muito bem, sem qualquer necessidade material.

Em troca, a Igreja continua pagando a esperança de seus fiéis com a garantia do céu. Enquanto existir consumidor, o marketing religioso prospera.

Historicamente a Igreja vem perdendo terreno e espaço. Apenas 18 por cento do planeta seguem a Santa Madre Igreja Apostólica Romana. Este índice já foi muito mais expressivo. Tende para uma redução maior.

Para o equilíbrio da humanidade, para a descoberta de princípios e valores, para o convívio harmônico e civilizado a Igreja poderia exercer um papel mais preponderante. Neste sentido, o Dalai Lama é muito mais carismático e verdadeiro. Falta um posicionamento forte no mundo ocidental como o papa.

O conclave deixou transparecer a opulência dos cardeais. Competem com as mesmas mordomias de reis e rainhas. A imagem é contrastante.

Em nível de política internacional o Vaticano está muito bem. Em nível de política humana é uma decepção.

João Paulo II se opôs à ocupação vergonhosa do Iraque. Viveu na própria carne a invasão de Hitler. A reação parou na sua sensibilidade pessoal. A Igreja como instituição nem se preocupa com a degradação da humanidade. Dita regras e normas. Cada dia está mais distante dos avanços do conhecimento. Não compreende a dinâmica que age sobre as pessoas gerando uma diversidade tão díspar.

Joseph Ratzinger domina muito bem todo sistema católico.

Sua idade avançada conspira a favor da humanidade. Numa dessas, o homem chega ao centenário.

Como na Idade Média, é provável uma forte ampliação da cultura do juízo final. Parece que os homens não se afetam mais pelo medo do inferno. Já estamos dentro dele.

Será que a Igreja Medieval vai conseguir se comunicar?

Habemus fidem. Temos fé.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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