Os novos bárbaros

Quando o homem se veste de deus, e sentado no mais alto trono do mundo, dispõe a vida dos mortais a bel-prazer, sem considerar o direito de defesa, o direito de humanidade, o direito de imparcialidade, e todo-poderoso manda exterminar os suspeitos, o mundo retrocede milhões e milhões de anos.

Quando as pessoas assistem os horrores praticados, e permanecem caladas, testemunhas camaleônicas, cegas, surdas, mudas, amedrontadas, corrompidas pelos interesses dos mandantes, o mundo se transforma em um palco dantesco, cheio de frouxidão e covardia.

Quando os defensores universais representam a ambigüidade de seus atos, de um lado argüindo justiça, de outro, conluindo com os opressores, vivendo duas caras, dois corações, dois antagonismos, o mundo cede vez aos novos bárbaros.

Bush, Blair, Aznar, Berlusconi, Sharon e demais companheiros diferem dos antigos bárbaros que invadiam os povos, torturavam, destruíam, atemorizavam. No papel de novos bárbaros, utilizam a mais alta tecnologia da espionagem. Pagam prêmios estratosféricos para a delação. Eliminam suspeitos alegando um absurdo direito de auto defesa sem a configuração de realidade.

Argumentação para justificar suas barbáries: o Iraque possui armas de destruição em massa; em menos de uma hora, pode atacar um alvo importante do mundo; desenvolve armas químicas terríveis e por aí afora. Realidade dos fatos: nenhuma das argumentações alegadas se provou válida.

No direito internacional, pelo menos no papel, a invasão ao Iraque constitui um crime de guerra. Lógico que os defensores estão revendo as interpretações para encontrar as atenuantes. Não muda nada. De fato os Estados Unidos da América podem destruir o mundo quantas vezes desejar. Possuem as tais armas de destruição em massa.

Desenvolvem armas químicas, eletrônicas, biológicas, cada vez mais sofisticadas. Dominam todos os cantos do planeta. Inventaram Guantânamo para confortar os legisladores norte-americanos. Treinaram cães para arrancarem confissões estapafúrdias de seus prisioneiros.

Exportaram as mais terríveis tecnologias de inteligência e quanta inteligência. São os melhores em desumanidade. No fundo, a humanidade é um mero jogo de interesses. Depende exclusivamente da vantagem obtida. No caso específico, além do posicionamento estratégico no coração do mundo árabe, se assenhorearam do ouro negro.

Tudo isto é para proteger o mundo dos bárbaros. Um ponto não ficou claro: quem são os bárbaros? Precisamos aprender tudo de novo. É um caos. Salve-se quem puder. Aleluia, irmão.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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