George W. Bush: Cartão Vermelho

A massiva operação de segurança montada em Londres para proteger o presidente George Bush, as mentiras e a repetição das mentiras e os actos de chacina perpetrados por Washington no Iraque soletram uma mensagem muito clara para o Presidente dos Estados Unidos da América.

Em somente três anos, George W. Bush e seu regime odioso conseguiu destruir o clima de confiança, cuidadosamente talhada entre os dirigentes nos EUA e a comunidade internacional, criando o sentimento mais azedo anti-americano na história do planeta, conseguiu aumentar o espaço entre os EUA e o público britânico, tradicionalmente os amigos mais próximos de Washington, e conseguiu romper o tecido que ligava a comunidade internacional às linhas-guia baseadas na lei internacional, fundamentada num processo de diálogo, discussão e debate, no seu fórum próprio, a ONU.

A operação massiva de segurança em Londres fala por si: cinco mil guardas da Metropolitan Police, 700 efectivos norte-americanos dos serviços secretos e mais um exército invisível dos oficiais de segurança britânicos e operacionais da Military Intelligence. O facto que 5 700 pessoas são empregues para proteger o George Bush indicaria que esse senhor é um tanto impopular. Normalmente, chefes de estado precisam duma barreira de segurança para conter multidões a gritar slogans de apoio e acenar com bandeiras, nunca para os proteger.

O facto que em nenhum lugar na terra, a não ser certas regiões dos EUA, é que George Bush irá ver multidões a gritar no seu favor e a acenar com bandeiras, deveria ser uma lembrança clara para esse senhor e seu regime que, se precisa de 5 700 pessoas para o proteger no seio do seu aliado mais próximo, então nem se atreveria sair dum avião na grande maioria dos países no mundo…por alguma razão será.

O facto que um Primeiro-ministro britânico, pela primeira vez na história, tem de argumentar seu caso para ficar com o presidente dos EUA diz tudo acerca do abismo que o regime em Washington conseguiu criar entre si e o público britânico, que tradicionalmente goza os americanos, numa brincadeira, mas que sente ao mesmo tempo um profundo respeito pelo povo-irmão. Três anos de Bush chegaram para tornar esse respeito num ódio, desconfiança e desgosto nunca antes visível nas ilhas britânicas.

A invenção de Bush dum causus belli, baseado em mentiras, poderia ter sido no início um excesso de zelo para ir travar a guerra. Contudo, quando esse senhor continua a mencionar o Iraque na mesma frase em que faz referência ao 11 de Setembro, depois dele próprio ter afirmado mais do que uma vez que nunca se provou a ligação entre o Iraque e as Torres Gémeas, faz levantar a noção que ou George Bush é um mentiroso descarado, ou então nem tem capacidade de entender os princípios básicos dos eventos mundiais, o que quer dizer que em qualquer dos casos, é impróprio para ocupar o posto que tem.

Se o George Bush está a travar a guerra em último recurso, como ele disse no final de semana, por que razão então é que George Bush inventou pretextos falsos para lançar essa guerra, este ato de chacina no Iraque, em que dezenas de milhares de pessoas foram mortas, feridas ou mutiladas? Se o George Bush trava a guerra como último recurso, onde estão as Armas de Destruição em Massa, que esta guerra era esperada, e não suposta, encontrar, como “último recurso” da defesa dos EUA e seus aliados?

Não. George W. Bush é um mentiroso descarado e um assassino em massa. São estas as razões pela necessidade dos 5 700 efectivos de segurança que os contribuintes norte-americanos e britânicos têm obrigação de financiar, são essas as razões pelas quais o Bush perdeu o apoio da Inglaterra Média e são essas as razões pela necessidade do contribuinte norte-americano, se votou em Bush ou não, ter de pagar a factura dum desastre cada vez maior e cada vez mais profundo no Médio Oriente.

O cartão vermelho aparece ao Bush, enquanto ele continua com a sua linha perversa, tão cega e arrogantemente, pregando as mesmas razões, dizendo as mesmas frases. Isolado, desprezado e odiado, esse senhor já cavou seu túmulo político do qual só será separado por uma questão de tempo.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X