Fidel Castro – Santo ou Diabo?

Analisemos – Fidel Castro, herói ou déspota? Democrata, pioneiro duma sociedade equilibrada, feliz e dinâmica ou demagoga, que oprime a oposição com uma repressão temivel?

Fidel Castro agarrou as rédeas do poder depois de um golpe de estado sangrento contra o governo democráticamente eleito de Fulgêncio Batista em 1959 e depois instalou um regime estalinista e repressivo. Assim gostariam os anti-Castristas que fosse a página da história e embora haja muita gente que pensa que é assim, de facto não poderia ser mais longe disso.

Fidel Castro lutou contra a inconstitucionalidade do regime de Batista, pois foi esse que depôs o governo de Presidente Carlos Prio Socarras em 1952, anulando os resultados da eleição que o tinha escolhido. Esta luta de Fidel não começou com as armas, antes nos tribunais, onde o jovem advogado acusou Batista de violar a Constituição. Tinha razão mas foi rejeitada a sua petição.

Foi então que Fidel Castro passou ao ataque, em 1953, contra o quartel de Bayamo, que foi um fracasso total, resultando no seu aprisionamento e depois dum breve período em liberdade, no seu exílio nos EUA e no México, onde nasceu o Movimento Revolucionário 26 de Julho.

Após dois anos de guerrilha nas montanhas, entre Dezembro 1956 e Janeiro 1959, Castro entrou triunfante em Havana e Batista fugiu. Castro ganhou a batalha pelas armas mas há que apontar que tentou iniciá-la no tribunal.

Recebeu um país pobre, com baixas taxas de alfabetismo e inteiramente controlado pelos EUA, cujas máfias tratavam a ilha como um parque de lazer. Vieram aos Casinos, às prostitutas, era na Cuba que faziam os negócios escuros nas suas casas de praia.

Só que Fidel Castro tinha outras ideias. Fechou os Casinos. Expulsou as forças armadas que vieram dos EUA em 17 de Abril 1961 (Baía dos Porcos). Instalou um regime socialista e progressiva.

Foi aqui que ele se deixou totalmente aberto a uma chuva de ataques oriundo de Washington, pois como agora, quem não está a favor, está contra. As relações estreitas com a União Soviética fizeram com que os EUA não invadissem de imediato, o que ganhou tempo para Castro efectuar as suas reformas.

Analisando o que conseguiu, foi muito. A escola cubana de medicina é um exemplo de excelência e o sistema educativo também. Os alunos cubanos têm altos graus de competência e não é por acaso que o modelo foi adoptado por outros países, entre os quais Guiné-Bissau.

Castro devolveu Cuba aos cubanos, ao custo de alienar a minoria que tinha interesses pessoais investidos na ilha, onde a riqueza era concentrada numa minoria, fora das mãos do povo.

Se nós vamos, de fora, louvar algumas façanhas e reclamar contra outras, corremos um risco, nomeadamente de estarmos a escolher o que nos convém e deixar de fora o inconveniente. Os que adoram os EUA, por exemplo, como o catedral de democracia, como a voz da razão, o grande libertador contra a tirania, terá de esquecer que este é dos poucos países no mundo onde ainda existe a pena de morte. Não convirá também lembrar que o regime de Bush cometeu já sensivelmente uns 10,000 assassínios em duas guerras ilegais.

Temos de olhar para o todo e analisar o bem e o mal num conjunto, aceitando o bem e o mal como parte íntegra da mesma realidade. Se Castro é responsável pela democratização da riqueza na Cuba, teve de fazé-lo exercendo poder absoluto, senão teria fracassado e a ilha teria degenerado numa guerra civil (sem dúvida fomentada pelos EUA).

Se o exercício deste poder total fez com que tivesse de tomar decisões duras no passado, por causa da constante ameaça oriundo dos EUA, o clima não estava propício ao Fidel Castro abrir muito a mão. Porém, a decisão de enviar três sequestradores/terroristas às suas mortes chocou a comunidade internacional e há muitos, mesmo os seguidores de Fidel, que perguntam se terá sido realmente necessário.

À responsabilidade para com o bem estar do povo se junta a necessidade de se mudar com os tempos, difícil ao ponto de ser quase impossível para os que viram o seu grande esforço traduzido em sucessos tangíveis, como no caso de Fidel Castro.

Para Fidel, esse debate pouco ou nada significará, pois ele nem acredita em santos nem no Diabo. Para ele, só Pátria, o Muerte!

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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