Corrupção permitida

O povo paga a conta sem reclamar. As nações pobres permitem jogos de vantagens despudorados. Todo e qualquer benefício é comprado e bem pago. As nações ricas encontraram outros caminhos para premiar o favorecimento pessoal: negociam informações privilegiadas.

A empresa que o vice-presidente americano trabalhava venceu a bilionária concorrência para explorar o petróleo iraquiano, reconstruindo o que as bombas inteligentes dos americanos haviam destruído. Quando se verifica que o petróleo pertence ao povo do Iraque e não aos invasores, quando se verifica que a concorrência foi direcionada e determinada, quando se verifica que o presidente norte-americano procura limitar a entrada de corruptos em seu país, é fácil perceber a nobreza intencional.

Na verdade, a corrupção dos norte-americanos, seja de que tipo for, é permitida. Existem dois partidos principais. Hoje, os republicanos determinam suas vontades. Cabe aos democratas estabelecer o preço do jogo. Esse equilíbrio é fundamental para preservar a impunidade. Atente-se que este sistema é chamado exemplarmente de democracia. Em outras palavras, trata-se de preservar o jogo do poder. Não é corrupção se assenhorear do petróleo iraquiano.

Não é corrupção premiar a empresa onde Dick Cheney trabalhava, afinal a reeleição está próxima. Não é corrupção comprar o governo paquistanês contra a vontade da maioria de sua população. Não é corrupção comprar o governo turco também contra a vontade de sua população. Não é corrupção premiar a relação comercial com os países que dizem amém à vontade dos norte-americanos. Não é corrupção promover o jogo dos donos do mundo.

Com tantos e tantos valores preservados, a corrupção permitida aos norte-americanos em nome da luta contra o terrorismo, contra os povos do mal, contra os bárbaros, contra os que professam culturas e religiões estranhas ao modus vivendi do império, faz inveja a qualquer povo do mundo. As pessoas não discutem mais a honestidade das ações, e sim sua conveniência.

O mundo está percebendo o que o modelo imposto pela revolução industrial tende a aumentar o universo dos excluídos, duas vezes maior que o dos incluídos. O mundo está percebendo que não é possível promover a riqueza quando 850 milhões de humanos não tem literalmente o que comer e passam fome. O que é conveniente? Infelizmente o jogo da conveniência é muito pouco. Onde estão os princípios, os valores, as bandeiras que devem ser defendidos por todos os habitantes do planeta terra? Quais são esses princípios?

Enquanto eles não aparecem, o senhor Bush é perfeito. Permanece impune acima de toda e qualquer suspeita. É conveniente pensar assim.

Orquiza, José Roberto

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