Já estou vendo as manchetes dos jornais do mundo todo nas próximas semanas
“Saddam pode estar escondido na Síria”. Após as discussões mundiais, como de praxe – ONU, alianças, apoio, países contra, terrorismo, armas de destruição em massa, liberdade, ditadura, etc. – teremos os Estados Unidos entrando em mais um país árabe.
Resta-nos saber quanto tempo as demais potências irão cometer o pecado da passividade e correr o risco de ver o império americano crescer ainda mais e espalhar sua hegemonia pelo mundo árabe de uma vez por todas. Não creio que esses países voltem a cruzar os braços diante da ameaça norte-americana, mas não esperava que isso fosse ocorrer em relação ao conflito no Iraque, então devo manter minha visão pessimista e supor que eles não agirão mais uma vez. Pois bem, a Liga Árabe clamará para que o conflito não ocorra, já que isso poderá trazer a instabilidade no Oriente Médio, mas não será ouvida.
A União Europeia e as outras potências já começarão a pensar nos possíveis recursos a serem sugados da pequena Síria. O Iraque, a essas alturas dos acontecimentos, já será mais uma base militar para os EUA. A Turquia, mais uma vez, não vai gostar de ter um conflito em um vizinho, mas também não terá voz suficiente para ser ouvida. Sem ameaçar concretas, os EUA irão entrar e se divertir, aproveitando que toda parafernália militar e os soldados já estão na região. A população norte-americana irá achar ótimo acabar com o chamado “território padrinho do terrorismo”, segundo autoridades norte-americanas.
Irã e Coréia do Norte irão ficar tensos e terão algum tempo ainda para se prepararem militarmente contra o poderoso país que vem fazendo arrastão no cenário mundial. A OPEP talvez dessa vez aceite boicotar os americanos, mas... Ah! Que pena! O segundo maior produtor de “ouro negro” do mundo já é aliado dos Estados Unidos. Sendo assim, não será uma pressão tão grande para eles. Mais mobilizações, pacifistas saindo às ruas pedindo paz, críticas de todos os lados e nenhuma ação, afinal é só mais um país árabe sem muita importância, ainda menor que o Iraque. Em algumas semanas a Síria se tornará mais uma colônia norte-americana para ser explorada em pleno Oriente Médio.
Próxima parada: Irã destaque para o fato de que agora os países vizinhos do Irã estão praticamente todos controlados pelos aliados: Kuwait, Iraque, Síria, Afeganistão e Turquemenistão. Todos esses países certamente terão bases a oferecer e, além disso, o Irã fica mais acessível pelo Golfo Pérsico e mar Arábico, ficando mais vulnerável que o próprio Iraque. Agora, sugiro que cada um pegue um mapa do continente asiático para perceber o que significa, política e economicamente, isso que acabei de descrever aqui. Tentem descobrir a continuação da história, pois eu termino aqui minha análise pessimista do futuro.
Para terminar, lembrem da Pax Romana: ela não foi eterna, como os romanos esperavam. Aliás, o que é a Itália hoje no campo mundial? Acredito que a lei da gravidade funciona também na geopolítica mundial: tudo que sobe, cedo ou tarde, tem que descer. Estamos aguardando.
Tiago Zuanazzi Tomazzoni Caxias do Sul-RS, Brasil
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter