O novo salário do governo mínimo

No poder, ao melhor estilo FHC, Lula esqueceu-se de todo o seu legado histórico e, para admiração de muitos, na Venezuela nacionalista de Hugo Chavez, declarou que nunca foi de esquerda. Agora, limitando as discussões acerca do valor do salário mínimo por ele definido, procura calar as vozes insurretas dos que com ele aprenderam a lutar e não calar diante da face infame do poder.

O senador Paulo Paim, do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul – o mesmo do presidente -, um dos poucos que estuda há anos todo o processo de arrecadação e gastos da União na área trabalhista, uma excelência no assunto, depois de tentar mostrar ao governo novas perspectivas para um reajuste maior no salário mínimo, recebeu a reprimenda do governo. Está, por suas idéias, destituído da vice-presidência da comissão especial que examinará a fixação do novo salário. Isto tudo por que ele quer o debate e cobra do governo justificativas para o ínfimo reajuste definido para o novo mínimo estabelecido. Quando a ditadura saltava os cães da opressão em cima de Lula e pares, o Brasil chorava. Agora, o Brasil chora por ver que a opressão é um cão mordendo o poder. Lastimável.

Da prefeitura petista de São Paulo vêm os estudos técnicos: se o salário mínimo fosse fixado em aproximadamente R$ 290,00 - como quer Paim - isto aumentaria os gastos nos cofres da União em 0,01% e nos cofres dos Estados em aproximadamente 0,14%. De outro lado, o ministro Berzoini revela que a criação de um milhão de novos empregos geraria uma arrecadação de aproximadamente R$ 2 bilhões para a Previdência. O País que não cresce, decresce. Esta é a lógica que o presidente Lula insiste em não compreender.

Por isso, por ser obediente e servil ao mundo financeiro e especulativo, o presidente tem que fugir de todas as comemorações públicas espalhadas pelo Brasil. É o medo que se instalou no governo federal e no coração do presidente. Lamentável.

Nas comemorações do dia 21 de abril, dia do destemido Tiradentes, em Ouro Preto, Minas Gerais, Lula foi o primeiro presidente em toda história republicana do Brasil a não comparecer às festividades. Temendo o quê?! O povo, os que votaram nele, os que acreditaram em suas palavras, os que aprenderam com ele a protestar contra os sabujos do poder. Agora, no dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, onde estava ele?! Não estava nas ruas do Brasil, marchando ao lado do povo. Estava na alcova que cabe os renegados, os traidores da Pátria, os que põem a ‘corda’ no pescoço dos brasileiros. Ele sabe muito bem o tamanho do seu pecado, por isso teme as manifestações populares. É a culpa que verga os ombros do roto diante dos braços probos da verdade.

Lula, com suas atitudes covardes, vai aos poucos cavando o fosso do seu governo, o buraco onde vai enterrando a esperança do brasileiro, o seu passado. Ele pode até tentar se esconder ali das linhas impiedosas da história, em que ele começou, nas primeiras páginas, escrevendo o seu nome com letras bordadas por suor e sangue. Mas, agora ...

Petrônio Souza Gonçalves jornalista e escritor

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