O QUE VOCÊ NÃO ENTENDE?

Um homem pobre, simples de tudo, com as mãos calejadas do serviço pesado, analfabeto, não conseguia entender como o homem rico, seu patrão, viajado, de boa família, tinha morrido tão depressa.

Os que estavam próximos contaram que ele não suportou a pressão do mundo moderno. Sofreu um ataque cardíaco fulminante. Estava sempre atrasado. Era muito importante.

O que você não entende, homem pobre?

Não entendia porque o patrão perseguia a riqueza sem parar. Quanto mais tinha, mais queria. Estava sempre comprando imóveis e negócios.

O homem pobre desconfiava que o homem rico já tivesse perdido as contas de todos os seus bens, propriedades e empresas.

A mulher e os filhos não sabiam nada de negócios. Sempre tiveram tudo, do bom e melhor. Cada um tinha seu belo carro e vivia em festa.

De vez em quando o homem rico perguntava para o homem pobre se estava tudo bem. A resposta era sempre a mesma: graças a Deus está tudo bem.

No enterro do homem rico o homem pobre viu de longe o caixão todo enfeitado, bonito, chique. Na verdade eram dois mundos bem diferentes: o homem rico tinha tudo. O homem pobre morava mal e mal em um cômodo de uma peça na favela do córrego da várzea. Sua mulher limpava a casa dos ricos. Seus filhos, ainda pequenos, liam livros que ele não conseguia compreender.

O que você não entende, homem pobre?

Não entendia como o homem rico não conseguia comprar a vida. Se ele tinha tanto dinheiro, não poderia viver com mais calma, mais tranqüilidade, mais paz?

É, homem pobre, a vida é bem complicada. Seu patrão estava na corrida do ouro e nem teve tempo para perceber a vida. Você está fora do mundo. Por isso dá de encontro todo dia com a própria vida, sua única riqueza.

Passados uns dias, os filhos do homem rico morto nem se lembravam mais do pai. As festas se sucediam de forma cotidiana.

O que você não entende, homem pobre?

Não entendia o vazio da vida da família do homem rico. Quando não era festa, era ressaca e vice-versa.

Para que tanta riqueza, homem rico, se você nem tempo tem para viver?

O homem pobre pensou na sua ignorância que o homem rico era feliz. Não tinha inveja. Contentava-se com o prazer de simplesmente estar vivo. Nada mais.

O que você não entende, homem pobre?

Não entendia como o homem rico servia à riqueza e seus desígnios. Lutava para manter-se cada vez mais rico, mais poderoso, mais vitorioso.

O homem pobre só andava a pé. Tinha tempo para a vida. Olhava os pássaros, as árvores, previa as mudanças do clima, sentia o sol marcando o dia.

Nunca sabia o que tinha para o dia de amanhã. Seja o que Deus quiser. Vivia resignado com a própria sorte.

O que você não entende, homem pobre?

Não entendia como o homem rico não compreendia que a verdadeira riqueza da vida é viver o dom da vida.

O homem pobre rico na sua simplicidade sabia da alegria de viver. Mesmo assim, a humanidade prefere o homem rico pobre.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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