Talita Jagielo quer saber sobre Abkházia para um TPC

Com todo o prazer, Talita. Cá vai um pequeno resumo. Muitos materiais estão em inglês no Internet e não estão disponíveis em português. Se quiserem saber algo sobre a Federação Russa, perguntam e nós tentaremos responder. Boa sorte com seus trabalhos Talita e apreciamos muito sua iniciativa de nos escrever, esperando que a resposta satisfaz as suas expectativas.

Abkhazia/Geórgia: Uma sinopse

No sistema soviético, havia uma administração única na Transcaucasia até 1936. Esta unidade chamava-se a República Soviética Socialista Federada da Transcaucasia. Nesse ano, foi dividida em três partes, constituindo as repúblicas de Arménia, Azerbaijão e Geórgia e as regiões autónomas soviéticas socialistas da Abkházia, Ajaria e Ossetia.

Foi com a mudança do sistema soviético (que quer dizer “conselho”) que as hostilidades começaram em 1992, quando a República da Geórgia enviou tropas para o enclave até então autónomo. Os Abkhazes formaram o seu próprio exército e capturaram a cidade capital, Sukhumi, em 27 de Setembro de 1993, expulsando os georgianos que não tinham ainda fugido.

10,000 pessoas perderam as suas vidas nessas hostilidades. Em 1994, em Moscou, foi assinado a Declaração sobre Medidas para uma Resolução Política do Conflito entre Geórgia e Abkházia, sob a qual as duas partes concordaram respeitar um cessar-fogo e o retorno das populações às suas casas e no dia 14 de Maio, um Acordo sobre um Cessar-Fogo e Separação de Forlas foi celebrado, também em Moscou. Este acordo criou uma zona desmilitarizada nas margens do Rio Inguri, a criação duma Força de Manutenção de Paz dos países da CEI (12 das 15 Repúblicas da antiga União Soviética, nomeadamente a Federação Russa, Bielo-Rússia, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Arménia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Tajiquistão e Turquemenistão menos os três estados bálticos, Estónia, Letónia e Lituânia) e Observadores internacionais da ONU.

Sob estes acordos, as forças da Geórgia concordaram deixar de controlar o território da Abkházia.

O papel da Federação Russa na implementação desta paz foi fundamental, quer como facilitador de conferências de paz, quer como um dos membros dos Amigos da Geórgia (Federação Russa, EUA, Alemanha, Reino unido e França).

Em 1998, as hostilidades eclodiram outra vez. Entre 40,000 e 60,000 georgianos tinham voltado às suas casas na região de Gali na Abkhazia e em Maio desse ano, as forças armadas da Abkhazia expulsaram essa população, incendiando as suas casas e destruindo toda a sua propriedade.

Enquanto o Presidente da Abkhazia, Vladislav Ardzinba, exige a criação dum Estado Federal, dando os georgianos e abkhazes a igualdade de direitos e de poderes, Eduard Shevardnadze, o Presidente da Geórgia (capital Tblissi) considera que quanto muito, os abkhazes podem gozar dum estatuto de região autónoma, mas dentro da República da Geórgia.

Eduard Shevardnadze proclamou uma amnistia para todos os combatentes nas hostilidades entre 1992 e 1993, esperando que poderá criar as condições para a repatriação dos 180,000 georgianos que fugiram da Abkhazia e que estão residentes na Geórgia.

A situação permanece tenso. A Federação Russa está empenhada em procurar uma solução equilibrada, no entanto tem sido acusada de favorecer a Geórgia, o que não é a verdade. Hoje em dia prepara-se uma força da ONU para entrar na Geórgia, sob um acordo assinado em Sochi, Rússia, entre 6 e 7 de Março entre Presidentes Vladimir Putin (Federação Russa); Eduard Shevardnadze (Geórgia) e Raul Khadzhimba, Primeiro Ministro da República da Abkhazia.

Esta força irá supervisionar o retorno dos refugiados e elaborará um documento sobre a separação dos poderes dentro da Geórgia, da qual Abkhazia recusa fazer parte. Terá de haver uma solução que satisfaz os dois lados, ou criando um estado federal da Geórgia, ou então Abkhazia entrando na Federação Russa como República soberana.

Timothy Bancroft-Hinchey Pravda.Ru

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