Rússia e os EUA: Não se pode esforçar o amor

Provou-se na história que o governo da Rússia nunca gosta de aprender. No que diz respeito aos americanos, tem-se de ter muito cuidado. Tem-se de ouvir o que eles dizem, mas os governantes da Rússia cantam as glórias dos EUA, esperando receber algo em troca.

A Rússia apercebeu-se que os EUA são o seu parceiro-chave, de acordo com o Ministro para Desenvolvimento e Comércio da Rússia, German Gref. Poder-se-ia dizer a mesma coisa acerca do Zanzibar, só que não aumentaria quaisquer ganhos económicos.

Acabou-se, em vão, a visita da delegação russa ao Houston. Em vez de investimentos, a Rússia recebeu uma folha de papel, assinado por quatro ministros. Dado o crescente nervosismo nos mercados de petróleo, os americanos gostam de usar o factor russo nas suas relações com os outros exportadores de crude e os países árabes estão sempre com um olho pregado nos produtores na Federação Russa.

O Colin Powell não se esqueceu de referir que a administração do George Bush compreende o desejo da Rússia de manter o seu posicionamento de líder na indústria petrolífera no Iraque. Powell acrescentou que está bem ciente dos interesses dos outros países na região, como também das consequências que seguiriam a uma mudança de regime. Se a América derrubar o Saddam, então em vez de russos, teremos homens de Alabama ou Texas no Iraque a controlar o seu petróleo.

Os EUS precisam pelo menos um consentimento silencioso da Rússia se vão atacar o Iraque. Mesmo se a Rússia se calar, as conversas com os outros dois membros (França e China) vão ser difíceis. Por isso, o Colin Powell conecta o consentimento russo com um possível cancelamento da emenda Jackson-Vanik à Constituição dos EUA, que proibiu as firmas russas de acessar os mercados americanos. Só que cada vez que os EUA querem qualquer coisa da Rússia, levantam a questão Jackson-Vanik.

A Rússia e os EUA são de facto mais perto um do outro, mas devido às concessões da parte da Rússia. O Presidente Putin concordou com o estacionamento de forças armadas americanas na Ásia Central, em repúblicas da antiga União Soviética. O Putin não ficou histérico com o acabamento unilateral da parte americana do Tratado ABM de 1972. Não se importou que a Lituânia, Letónia e Estónia entrassem na OTAN. Até fechou as bases militares na Cuba e no Vietname, porque os nossos “parceiros” americanos o queriam. Em troca, os EUA reconheceram que a Rússia é um país com uma economia de mercado e prometeram dar uns 300 milhões de USD, o que não é muito.

Devagar, mas sempre, os EUA está a sentir a crescente irritação de figuras-chave russas no mundo político e económico. Apesar das desvantagens, a política da União Soviética foi razoável e bem equilibrada. O Estado fez o seu melhor esforço para atingir os seus objectivos. Tudo o que foi conseguido foi destruído.

Já não há objectivos, nem prioridades, nem maneiras de os conseguir. É hilariante dizer que o único objectivo da Rússia é ficar o aliado dos EUA e de vender mais petróleo e gás aos americanos. Nem os EUA nem a Rússia precisam disso. Como já foi dito, “A política é a arte do possível”. Seria melhor para a Rússia começar a tratar do que é possível a partir de agora. Dmitry SLOBODANUK PRAVDA.Ru

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